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Ex-ministro prevê Bolsonaro “espezinhado, escorraçado” e encarcerado na Papuda

Mesmo afastado do partido a pedido de Michelle Bolsonaro, Wajngarten segue aliado ao ex-presidente.

Jair Bolsonaro com Fabio Wajngarten e Paulo Amador Bueno na sessão da primeira turma do STF. | Foto: Gustavo Moreno / STF
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A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) publicou, nesta segunda-feira (17), as decisões unânimes da sessão virtual encerrada na sexta (14), confirmando a rejeição de todos os embargos apresentados pelas defesas de Jair Bolsonaro (PL), Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, Almir Garnier Santos, Anderson Torres e Walter Braga Netto. Todos foram condenados no chamado núcleo central da organização criminosa acusada de tentar um golpe de Estado.

Com a divulgação das decisões, inicia-se um novo prazo de cinco dias para a apresentação de recursos — embargos da decisão atual ou embargos infringentes. Após a publicação do acórdão, Bolsonaro já poderá ser levado ao Complexo Penitenciário da Papuda, onde deve cumprir a pena de 27 anos e 3 meses de prisão.


➤ Previsão de Wajngarten e escalada de tensão no bolsonarismo

A situação repercutiu entre aliados do ex-presidente. Fábio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação e hoje desligado do PL por ordem de Michelle Bolsonaro, publicou um artigo em tom dramático na Folha de S.Paulo, no qual afirma que ver Bolsonaro “sendo espezinhado, escorraçado, perseguido politicamente, sendo objeto de retaliações judiciais incompreensíveis à luz da Constituição, dói”.

Em outro momento, reforça que “é uma dor que corrói não só nossos corações como os de toda a sociedade brasileira, que vê um dos seus maiores líderes do país passar por tudo isso”.

Logo na abertura do texto, Wajngarten antecipa o que considera inevitável: Bolsonaro “será, provavelmente, recolhido à Papuda nos próximos dias”, destacando que “aos 70 anos, o ex-presidente da República marcha para um verdadeiro calvário político e pessoal inimaginável para quem comandou um Brasil sem corrupção”.

O ex-Secom ainda repete argumentos já usados pelo bolsonarismo ao defender que Bolsonaro é “um homem idoso que ainda sofre as graves sequelas da covarde facada de Juiz de Fora (MG)”, afirmando que “a Justiça tem sempre de seguir o que a Constituição prevê e ninguém pode estar acima dela, nem mesmo um ex-presidente da República — e, menos ainda, os seus guardiões”.


➤ Expulsão do PL e racha interno

Mesmo afastado do partido a pedido de Michelle Bolsonaro, Wajngarten segue aliado ao ex-presidente. Sua expulsão ocorreu após o vazamento de conversas com Mauro Cid, que revelaram críticas e ironias sobre a possibilidade de Michelle disputar a Presidência em 2026. Para a cúpula do PL, o episódio demonstrou “postura desleal”.

A rixa interna reflete disputas de poder no campo bolsonarista, especialmente após Michelle se apresentar como possível sucessora.


➤ “Prefiro o Lula”: diálogos que detonaram a crise

A troca de mensagens entre Mauro Cid e Wajngarten, revelada pelo UOL e que levou à expulsão do ex-Secom, demonstra ironia e descrédito sobre a eventual candidatura de Michelle. Ao ser informado de que Valdemar da Costa Neto cogitava lançá-la ao Planalto, Cid responde: “Prefiro o Lula”, seguido de um “hahahahahahaha”. Wajngarten concorda: “idem”.

Nas conversas, o ex-auxiliar de Bolsonaro critica duramente a ex-primeira-dama e compartilha mensagens ironizando supostos salários pagos pelo PL: “porque ela carrega o bolsonarismo sem a rejeição do Bolsonaro”. Em tom ácido, questiona ainda: “em que mundo o Valdemar está vivendo?”.

Cid, em áudio transcrito, também faz previsões negativas sobre Michelle: “Cara, se a dona Michelle tentar entrar pra política num cargo alto, ela vai ser destruída, porque eu acho que ela tem muita coisa suja... não suja, mas ela, né, a personalidade dela, eles vão usar tudo contra pra acabar com ela.” 

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