Na última sexta-feira (16/5), o ex-ministro do Turismo Gilson Machado (PL) recorreu às redes sociais para divulgar uma nova campanha de arrecadação em favor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O vídeo, que já ultrapassou 20 mil curtidas, apresenta o CPF de Bolsonaro como chave Pix, vinculada a uma conta do Banco do Brasil.
Em seu apelo, Gilson afirma que o ex-presidente enfrenta uma série de custos crescentes. “Vocês não têm noção, minha gente, da nossa preocupação com as despesas do presidente Bolsonaro, que são centenas, de todas as naturezas, principalmente jurídicas, com passagens e também hospitalares”, declarou o ex-ministro.
Ele reforçou que o vídeo não é montagem ou manipulação digital: “Não é fake, como alguns do contra estão dizendo. [...] Não é Jair Messias Bolsonaro quem está pedindo. [...] O dinheiro não é para mim, muito menos para ele.”
Segundo Gilson Machado, apenas no último ano, os gastos chegaram a cerca de R$ 8 milhões, valor mencionado na legenda do vídeo. Ele também atacou adversários políticos, dizendo que a direita pede apoio diretamente, enquanto a esquerda "mete a mão" no dinheiro público: “Nossa índole é pedir, jamais colocar a mão no que é dos outros, como a esquerda fez com os aposentados”, declarou, em alusão às investigações da Polícia Federal sobre desvios de até R$ 6,5 bilhões do INSS.
Doações também sustentam Eduardo Bolsonaro
Na mesma semana, novas declarações do ex-presidente revelaram mais detalhes sobre o destino das doações recebidas por Pix em 2023, que somaram R$ 17,2 milhões. Segundo Bolsonaro, parte significativa do montante vem sendo usada para custear a estadia de seu filho, o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), nos Estados Unidos.
“Sou eu quem está bancando as despesas dele agora. Se não fossem as doações via Pix, eu não teria como arcar com esses custos. Ele está sem salário, mas cumprindo um papel importante de interlocução com autoridades internacionais. O objetivo é preservar nossa democracia; não buscamos um Judiciário parcial. Ele optou por ficar lá. Conversamos quase todos os dias, mas são conversas reservadas. Gostaria que ele disputasse o Senado em 2026, mas tudo depende dos rumos que o país vai tomar. Ainda não sei se ele vai voltar da licença — estamos apenas na metade dos 120 dias. Não quero esse distanciamento familiar”, explicou Bolsonaro.
Ações judiciais e pressões políticas
Jair Bolsonaro, atualmente alvo de diversos processos judiciais, responde como réu no Supremo Tribunal Federal por suposta tentativa de golpe de Estado. O ex-presidente também acumula multas, incluindo penalidades relacionadas ao descumprimento de regras sanitárias durante a pandemia de COVID-19 — uma das justificativas para as arrecadações promovidas por seus aliados.
Enquanto Gilson Machado insiste em ampliar a rede de apoio financeiro, a oposição tenta associar as campanhas de arrecadação aos escândalos e investigações que envolvem o entorno bolsonarista. Paralelamente, cresce no Congresso o debate sobre uma possível Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar os desvios no INSS, o que pode esbarrar em nomes ligados ao ex-presidente.
A narrativa de perseguição política, adotada tanto por Bolsonaro quanto por Eduardo, segue como peça central de sua estratégia de comunicação — enquanto os recursos das doações continuam financiando não apenas a defesa jurídica do ex-presidente, mas também a presença internacional de sua família.