O ex-diretor da área de Serviços da Petrobras Renato Duque afirmou ao juiz Sérgio Moro, responsável pelos processos da Operação Lava Jato na primeira instância, que está disposto a devolver 20 milhões de euros (cerca de R$ 69 milhões), que recebeu como propina. O dinheiro, segundo ele, está em duas contas no exterior.
“Gostaria novamente de enfatizar meu interesse de assinar uma repatriação que for necessário para que esse dinheiro venha e volte aí pra quem de direito”, disse Duque.
A afirmação faz parte do interrogatório de sexta-feira (5) - a primeira vez que ele falou sobre o esquema de corrupção descoberto na Petrobras. O ex-diretor de Serviços da Petrobras foi ouvido pelo juiz Sérgio Moro em uma ação que apura se o ex-ministro Antonio Palocci recebeu propina para atuar a favor da Odebrecht. A denúncia trata de pagamentos feitos para beneficiar a empresa SeteBrasil, que fechou contratos com a Petrobras para a construção de 21 sondas de perfuração no pré-sal.
Como réu neste processo, ele havia ficado em silêncio durante interrogatório realizado em 17 de abril e pediu para ser interrogado novamente pelo juiz. Além destes 20 milhões de euros, Duque também se comprometeu a devolver valores que estão em uma terceira conta no exterior. Contudo, não mencionou o valor. De acordo com o ex-diretor, estas são as únicas contas que ele possui fora do país.
Duque afirmou que há uma acusação de que ele tenha movimentado dinheiro no exterior já com a Lava Jato em andamento e que isso foi colocado como uma falta de respeito à operação. O ex-diretor confirmou que houve a movimentação, mas negou desrespeito. Disse que o banco exigiu esta operação.
“O banco exigiu que este dinheiro fosse tirado (...) Banco na Suíça. Então, em função desta exigência, que houve a transferência. Para deixar claro que não houve intenção de esconder”.
Duque já foi condenado a mais de 50 anos de prisão em quatro ações da Lava Jato e é réu em pelo menos outros seis processos decorrentes da operação que estão em andamento na 13ª Vara Federal de Curitiba.
O ex-diretor da Petrobras foi preso pela primeira vez em novembro de 2014. Depois de 20 dias, conseguiu um habeas corpus do Supremo Tribunal Federal (STF). A segunda prisão ocorreu em março de 2016. Atualmente, ele está detido na carceragem da Polícia Federal (PF) em Curitiba.