O candidato de esquerda Gabriel Boric foi eleito presidente do Chile neste domingo (19). Aos 35 anos, Boric é deputado e ex-líder estudantil e está filiado ao partido Convergência Social. O adversário nas urnas foi o advogado José Antonio Kast, de extrema-direita e filiado ao Partido Republicano.
As urnas abriram às 8h (horário de Brasília) e fecharam às 18h, quando a apuração dos votos começou. Os votos ainda estão sendo contabilizados, mas até as 19h30 deste domingo, com 68,78% das urnas apuradas, Boric tinha 55,18% dos votos, contra 44,82% de Kast. Kast já reconheceu a derrota e ligou para Boric para parabenizá-lo pela vitória.
Boric havia ficado em segundo lugar no primeiro turno, com 25,82%. Já Kast teve 27,91%.
Polarização
Gabriel Boric, de esquerda, e José Antonio Kast, de extrema-direita, representaram lados opostos do espectro político e disputaram cada voto do eleitorado.
Boric representa uma esquerda progressista revitalizada, que cresceu muito desde os protestos de 2019. Já Kast fundou o ultraconservador Partido Republicano e avalizou a mensagem "lei e ordem".
Além disso, Boric é liberal em temas sociais e defendeu "um Estado de bem-estar" ao estilo europeu na área econômica. Kast apoia um modelo econômico neoliberal e tem uma visão ultraconservadora em temas sociais, com oposição ao aborto e ao casamento de pessoas do mesmo gênero.
Ambos candidatos fizeram adequações às propostas para o governo desde quando passaram para o segundo turno, com o objetivo de deixá-las mais moderadas e atrair o voto moderado.
Alguns pontos do programa de governo de Boric:
- foca em três reformas que ele considera essenciais: previdência, saúde e educação
- outras três temáticas que permeiam as propostas: feminismo, crise climática e trabalho digno
- amplia a participação do Estado para o bem-estar social
- há elementos mais moderados em seu programa, como a reforma tributária
- mudança do sistema de pensões
Alguns pontos do programa de governo de Kast:
- redução dos impostos às grandes empresas
- redução dos gastos fiscais
- desregulamentação dos mercados
- privatização de empresas
- manutenção do sistema de pensões
Contexto
O novo presidente governará um país com uma nova Constituição, agora em elaboração, e marcado pela inflação crescente nos últimos dois anos.
Trata-se da primeira eleição presidencial desde que o país foi abalado pelos protestos generalizados contra a desigualdade que renderam meses de marchas e episódios de violência nas ruas, em 2019.
As eleições presidenciais de 2021 também foram as primeiras em 16 anos sem Sebastián Piñera nem Michelle Bachelet como candidatos a presidente.
Piñera é o atual presidente, mas enfrenta forte rejeição popular e acabou de escapar de um processo de impeachment. Já Bachelet é hoje alta comissária da ONU para os Direitos Humanos.
Voto facultativo
No Chile, o voto é facultativo. Nas duas últimas grandes eleições, a participação não passou de 50% do total de eleitores.
Há quatro anos, em 2017, quando Piñera foi eleito, os índices de comparecimento às urnas foram bem baixos. No primeiro turno daquelas eleições, apenas 46% dos eleitores compareceram. No segundo, foram 48%.
Já no primeiro turno destas eleições, a participação do eleitorado foi de 47%.
Resultado do 1º turno
O resultado do primeiro turno, em 21 de novembro, foi apertado na disputa pela presidência do Chile. A liderança ficou com o candidato de extrema-direita, José Antonio Kast. Já o segundo candidato mais bem posicionado foi o Gabriel Boric, da esquerda.
Assim como no Brasil, para vencer as eleições já no primeiro turno, o candidato precisava ter mais de 50% dos votos válidos, o que não ocorreu.
Como nenhum dos candidatos conseguiu uma liderança folgada no primeiro turno, eles dependeram também dos eleitores mais moderados para obter a vitória.
FONTE: G1