Ao tomar posse nesta segunda-feira no Palácio do Planalto, o novo ministro da Defesa, Celso Amorim, elogiou os militares, parte dos quais criticou sua indicação como substituto de Nelson Jobim, e disse que a atual defesa brasileira está aquém do papel que o Brasil ocupa no cenário internacional. Assim como Dilma, Amorim não fez referência a seu antecessor na pasta. Jobim alegou suspeita de dengue para não comparecer à cerimônia de posse.
"Sou grato pela confiança e pela oportunidade de participar dessa importante etapa da longa jornada do Brasil rumo a uma sociedade mais livre, mais justa e mais igualitária. A realidade de uma política pública complexa e multifacetada como a Defesa não oferece espaço para a pretensão", disse Amorim para, em seguida, fazer críticas veladas ao ex-ministro.
"De maneira serena, cabe a mim nesse momento mais ouvir do que falar, sem com isso me furtar ao diálogo franco e transparente. Identifico nos militares valores dignos de admiração: patriotismo, abnegação, zelo pela coletividade, respeito à hierarquia e à disciplina", afirmou.
Ao elencar alguns dos problemas pelos quais passam os militares, o novo ministro lembrou da falta de recursos, dos salários defasados e do sucateamento de instrumentos e máquinas das Forças Armadas. "Há um descompasso entre a crescente influência brasileira e a nossa capacidade de respaldá-la no plano da defesa. Uma não será sustentável sem a outra. Dedicarei esforços ao fortalecimento da indústria nacional de material de emprego militar e à ampliação da autonomia tecnológica de nossas Forças Armadas. Não ignoro a centralidade da questão orçamentária. Conhecendo a atenção que a presidente da República atribui aos assuntos de defesa, cabe a mim empenhar-me em obter os recursos indispensáveis ao equipamento adequado das Forças Armadas. Conto para tanto com a compreensão dos meus colegas da área financeira", disse.
"Não desconheço as legítimas aspirações dos militares no que diz respeito à garantia de condições de vida compatíveis com suas responsabilidades vitais para toda a nação. Hoje, é preciso admitir, nossas forças sofrem de carência que não permitem o efeito dissuasório indispensável à segurança desses ativos fronteiras e aquífero Guarani, por exemplo", disse o novo ministro.