Os delegados do Partido dos Trabalhadores (PT) decidiram durante o final de semana transferir para o Diretório Nacional da legenda - formado por um grupo mais restrito de dirigentes - a definição sobre se o partido vai continuar ou não recebendo doações de empresas para suas campanhas eleitorais.
A decisão foi tomada durante o 5º Congresso Nacional do PT numa votação que não teve os votos divulgados. Sob vaias contrárias ao adiamento da definição, o secretário de finanças do partido, Márcio Macedo, que comandava a reunião, buscou acalmar a plateia. “O processo foi claro. Foi consenso de toda a mesa”, afirmou Macedo, que defendia o adiamento. “A intolerância não é uma boa companheira”, disse em seguida.
A justificativa da legenda para o adiamento foi para aguardar a conclusão da reforma política no Congresso Nacional, que debate as regras para doação de campanha, e só então decidir sobre a questão no diretório nacional.
Sobre o assunto, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, comentou que a decisão de adiar “não faz retroceder o que já foi aprovado” no dia 17 de abril deste ano, quando a sigla anunciou que deixaria de receber doações empresariais. A orientação foi divulgada após a prisão do então tesoureiro partido, João Vaccari Neto, investigado por suposto envolvimento no esquema de corrupção da Petrobras. Na ocasião, antes de implementar a decisão, Falcão explicou que a medida teria de ser referendada no congresso na capital baiana.
O fim das doações privadas de pessoas jurídicas é a principal bandeira do partido nos debates sobre a reforma política. Para Falcão, a disposição do partido “de continuar combatendo no Congresso [Nacional] a votação que é inconclusa e que está sendo questionada no Supremo Tribunal Federal” sai renovada após o evento.