Salvo pelo SUS, Bolsonaro considera gastos com saúde excessivos

Constatação está em análise feita por pesquisadores da USP e UFRJ.

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A jornalista Cláudia Collucci da Folha de São Paulo, divulgou na manhã desta terça-feira (11) em sua coluna, uma análise feita por pesquisadores da USP, UFRJ e Fiocruz sobre o atentado sofrido ao presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) e sobre os recursos disponíveis para o Sistema Único de Saúde (SUS). Leia:

"Se um dia você sofrer um acidente grave, um tiro ou uma facada e tiver condições de falar, peça para te levarem ao Hospital das Clínicas. Não importa que o seu convênio dê direito ao Sírio e ao Einstein. No hospital público estarão os profissionais mais experientes para cuidar desses casos porque fazem isso o tempo todo."

Na última quinta (6), tão logo soube da facada da qual foi vítima o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), lembrei-me dessa recomendação feita anos atrás por um médico amigo, quando me mudei para São Paulo.

Bolsonaro foi levado à Santa Casa de Juiz de Fora (MG). A rapidez com que foi atendido e a eficiência da equipe médica foram fundamentais para salvar a vida do candidato. Ele chegou à emergência do hospital, localizado a menos de 1 km do local do atentado, dez minutos após ser esfaqueado. 

Ficou na sala vermelha menos de dez minutos e, depois de estabilizado, foi levado para fazer ultrassom de abdômen e uma tomografia, que mostraram um intenso sangramento na cavidade abdominal. A cirurgia foi imediata. No dia seguinte, o candidato foi transferido para o hospital Albert Einstein (SP). 

Na Santa Casa de Juiz de Fora, tudo foi pago pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Segundo a revista Piauí, a equipe médica receberá R$ 367,06 pelo tratamento cirúrgico de lesões vasculares traumáticas do abdômen, conforme a tabela. E o hospital, R$ 1.090,80.

Assim como outras instituições filantrópicas do país, o hospital enfrenta dificuldades financeiras, especialmente pela defasagem da tabela de repasses do SUS. Relata prejuízos que ultrapassam R$ 27 milhões, segundo levantamento de 2017.

Mas a julgar pelas proposições para a saúde contidas no programa que inscreveu formalmente no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Bolsonaro não pretende aumentar os recursos para o SUS. Ele considera excessivos os atuais gastos com saúde. 

É o que aponta a análise “A saúde nos programas dos candidatos à Presidência da República do Brasil em 2018”, feita pelos pesquisadores Mario Scheffer (USP), Ligia Bahia (UFRJ) e Ialê Falleiros Braga (Fiocruz), a partir das proposições oficiais para a área de todos os candidatos à Presidência da República. 

Segundo os autores, Bolsonaro fundamenta seu diagnóstico em dados mal interpretados de um gráfico desatualizado que faz uma comparação de gastos em saúde de diversos países. 

Talvez a experiência que teve na Santa Casa de Juiz de Fora faça o candidato e outros presidenciáveis a mudar de ideia sobre o SUS e seu crônico subfinanciamento. Obviamente que isso não elimina a necessidade urgente de o sistema se tornar mais eficiente e conter desperdícios e fraudes.

O atendimento exitoso prestado ao candidato pela Santa Casa de Juiz de Fora reforçou ao país um SUS que funciona, um SUS que atende a todos independentemente das posições ideológicas, orientação sexual, condições socioeconômicas, credo ou cor. Um SUS que vai completar 30 anos no próximo mês e ainda não foi reconhecido pelo brasileiro como um sistema para chamar de seu. 

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