A segunda noite de entrevistas com os candidatos à presidência da República do Jornal Nacional aconteceu nesta terça-feira, 28, e recebeu o presidenciável do PSL Jair Bolsonaro, que acabou protagonizando um embate ao vivo com Renata Vasconcellos sobre a diferença salarial entre homens e mulheres.
Na ocasião, os apresentadores do JN questionaram o deputado sobre quais as propostas dele para acabar com essa desigualdade. Ainda, Bonner e Vasconcellos citaram algumas falas de Bolsonaro sobre o assunto, como uma entrevista concedida pelo mesmo à Luciana Gimenez.
Após se esquivar da pergunta e tentar tergiversar, Jair Bolsonaro jogou a responsabilidade ao Ministério Público, e comparou a atual situação brasileira aos salários dos apresentadores. “Eu estou vendo aqui uma senhora e um senhor [Bonner e Vasconcellos], eu não sei ao certo, mas há um diferença salarial aqui. Me parece que muito maior para ele do que para a senhora. São cargos semelhantes, não são iguais”. logo em seguida, Bolsonaro foi pego de surpresa por uma declaração de Renata Vasconcellos, que acabou viralizando nas redes sociais.
"Eu poderia, até como cidadã e como qualquer cidadão brasileiro, fazer questões sobre os seus proventos. O senhor é um funcionário público, um deputado federal há 27 anos, e como contribuinte, ajudo a pagar o seu salário. O meu salário não diz respeito a ninguém, e eu posso garantir ao senhor que, como mulher, jamais eu aceitaria um salário menor que o de um homem que exercesse as mesmas funções e atribuições que eu", respondeu a jornalista.
Desigualdade salarial entre homens e mulheres
O tema em questão já foi abordado em entrevistas anteriores com o deputado e candidato à presidência Jair Bolsonaro. Antes de concorrer ao pleito, o postulante do PSL chegou a afirmar que “não empregaria uma mulher com o mesmo salário que um homem”.
Agora, o segundo colocado nas intenções de voto moderou o tom quanto à questão, mas continua afirmando que não tem projeto porque a igualdade já está “assegurada na Constituição”.
Fato é que a realidade é completamente diferente da prática e está longe de acabar. Dados divulgados no Relatório de Desigualdade Global de Gênero 2016, do Fórum Econômico Mundial, apontou que a diferença entre os salários de homens e mulheres no Brasil só será realmente igual em 2111, ou seja, quase cem anos.
Entre os 144 países avaliados no relatório, o Brasil ocupa a 129ª posição — especialmente a respeito da igualdade de salário entre os gêneros. Os países com muitos casos de violência contra a mulher, como Irã e Arábia Saudita, estão em melhor posição na lista.
Segundo o texto, serão necessários 95 anos, caso o atual ritmo seja mantido, para equiparar as condições econômicas de homens e mulheres no Brasil. No entanto, incluindo política, educação e outras questões sociais, acabar com a desigualdade de gênero no país levará 104 anos. Já a taxa mundial chega a 170 anos.
O estudo também aponta que a presença de Dilma Rousseff no cargo de presidente fez o Brasil subir no ranking geral, passando da 85ª posição para a 79ª entre 2014 e 2015. No entanto, a classificação ainda é pior do que dez anos atrás, quando o Brasil estava na 67ª posição. Atualmente, o país está atrás dos 17 outros países latino-americanos.