Lula lembra 'pílula abortiva', e Bolsonaro rebate no debate da Globo

“O candidato se lembra desse discurso? Eu vou ver um trecho aqui'', disse Lula

Lula e Bolsonaro | Stephanie Rodrigues/g1
Siga-nos no Seguir MeioNews no Google News

SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) relembrou nesta sexta-feira (28), no debate da TV Globo, uma fala do presidente Jair Bolsonaro (PL) em que ele disse ter considerado o aborto de um dos filhos –a declaração foi dada na época em que o chefe do Executivo era deputado federal, em 2000.

Lula e Bolsonaro se enfrentam no debate da Globo Foto: Stephanie Rodrigues/g1

"O candidato se lembra desse discurso? Eu vou ver um trecho aqui. Não adianta uma multidão de brasileiros subnutridos sem condições de servir a seu país. Conclui o teu deputado que oferece que seja distribuído pílula de aborto para a sociedade brasileira em 1992, quando era deputado. Falou isso ou não?", questionou Lula.

Bolsonaro, então, elevou o tom e chamou o adversário de abortista, além de dizer que a pílula seria a "do dia seguinte", considerada um método contraceptivo e não um abortivo. "30 anos atrás? Não confunda pílula do dia seguinte", falou.

"Eu posso mudar. Agora você, há poucos dias, falou claramente que aborto é uma questão de saúde pública! Que as madames iam fazer aborto lá fora. Aqui dentro as mulheres faziam outras coisas. Você é abortista, Lula. Você é abortista convicto", afirmou.

Lula no último debate antes do segundo turno Foto: Stephanie Rodrigues/g1 

Bolsonaro declarou o seu pedido de aborto à ex-esposa à revista IstoÉ, conforme trechos recuperados pela colunista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo. A entrevista, de fevereiro de 2000, trouxe o presidente classificando o aborto como "uma decisão do casal".

Questionado se já havia passado por essa situação, Bolsonaro confirmou: "Já. Passei para a companheira. E a decisão dela foi de manter. Está ali, ó", respondeu, apontando para uma foto de Jair Renan.

A jornalista Andréia Sadi, da TV Globo, resgatou outro movimento do presidente a favor do aborto. Em 1992, o então deputado disse apoiar as "pílulas do aborto".

No embate na noite desta sexta-feira, Lula afirmou ser contra o aborto, assim como "as minhas mulheres eram contra o aborto, minha mulher é contra o aborto". Bolsonaro, então, disse: "não vou trazer aqui o caso da primeira mulher dele porque... Eu quero respeitar essas pessoas, respeitar a filha que nasceu naquele momento".

Jair Bolsonaro no último debate antes do segundo turno Foto:  Stephanie Rodrigues/g1 

Bolsonaro muda versão e diz não ter foto com Jefferson 'por ocasião das eleições'

Jair Bolsonaro (PL) e Lula (PT) tentaram, novamente, jogar Roberto Jefferson (PTB) um para o outro.

O presidente afirmou que Jefferson é "amigo de roubalheira" e "parceiro na compra de votos" de Lula, em referência ao mensalão.

Lula disse que, se um negro da favela fizesse o que Jefferson fez, Bolsonaro teria "mandado matar". "Você chegou a dizer que não tem foto com ele. A imprensa escancarou as fotos. Você não pode ter duas personalidades, cara, tenha uma só", disse.

Bolsonaro, então, respondeu que não tem fotos com Jefferson "por ocasião das eleições".  

Bolsonaro critica o Mais Médicos em debate

Jair Bolsonaro (PL) critica o programa Mais Médicos, afirma que os cubanos não entendiam nada de medicina e que Lula (PT) usou a medida para repassar dinheiro para Cuba.

Lula, porém, não mordeu a isca. Respondeu apenas que o programa foi "exitoso" e levou médicos para lugares onde não havia. Também elogiou a saúde em Cuba, dizendo ser reconhecida até por presidentes dos EUA. O petista mudou de assunto e questionou Bolsonaro sobre suas realizações na saúde.

"Mandetta foi mandado embora porque defendia a vacinação. E botou o Pazuello que queria ganhar US$ 1 por vacina, segundo a CPI", disse Lula.

Bolsonaro se diz vítima, e Lula o chama de mentiroso em debate sobre mínimo

Bolsonaro e Lula travaram discussão acalorada sobre questões referentes ao salário mínimo, hora extra de trabalhadores e décimo terceiro no início do debate da TV Globo, na noite desta sexta-feira (28).

Sorteado para fazer a primeira intervenção, Bolsonaro indagou sobre a propaganda eleitoral gratuita do adversário e rebateu alegações de que, se for reeleito, pretende congelar o salário mínimo e dar fim ao pagamento de horas extras.

Na versão do postulante à reeleição, Lula teria veiculado tais acusações nas propagandas de TV e rádio com o objetivo de atacar o oponente. Durante a fala, ele prometeu que vai aumentar o salário mínimo para R$ 1.400.

O petista reagiu: "Por que não aumentou o salário mínimo acima da inflação nos quatro anos do seu governo?".

O petista ainda chamou Bolsonaro de "mentiroso" e, em tom de ironia, afirmou que ele estaria "descompensado".

"Ao longo dos últimos dias, Lula, o seu partido foi à televisão e [usou] inserções de rádio para dizer que eu não ia reajustar o mínimo, que eu não ia reajustar as aposentadorias, e também que eu ia acabar com o décimo terceiro, com as férias e com as horas extras. Tu confirma isso? Fim do décimo terceiro, fim das horas extras e também das férias? Mentiroso. Não vai responder? Não vai responder sobre os teus programas eleitorais gratuitos?", indagou o atual mandatário.

"Parece que meu adversário está descompensado. Porque ele é um samba de uma nota só. Estou dizendo que mentiroso é o presidente Bolsonaro que, mentiu 6.498 vezes durante seu mandato e que só nos programas de televisão nós conseguimos 60 direitos de respostas das mentiras que ele conta. É isso", respondeu Lula, na réplica.

"Então, é o seguinte presidente. Diga um pouco a verdade. Se quiser um tempo eu dou um tempo, descansa e conversa com sua assessoria para fazer um debate aqui pensando no futuro desse país."

No Brasil, o salário mínimo -hoje em R$ 1.212- também serve de referência para aposentadorias, pensões e outros benefícios pagos pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). 

POR: CAROLINA LINHARES, JOELMIR TAVARES E FELIPE BÄCHTOLD 

Carregue mais
Veja Também
Tópicos
SEÇÕES