Candidatos gastaram, no primeiro mês de campanha, R$ 11,7 milhões com jatinhos e helicópteros, incluídos despesas com combustível de aviação e tripulantes. O valor é quase 15 vezes superior ao gasto com passagens aéreas, que custaram um total de R$ 789 mil até agora.
O levantamento com base em valores oficiais informados pela campanhas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A reportagem considerou dados de candidatos a presidente, senador, governador e deputado federal, estadual e distrital. Nem todo o montante foi quitado pelas campanhas.
Entre os presidenciáveis, o tucano Geraldo Alckmin foi o que mais contratou empresas de táxi aéreo para seus deslocamentos pelo País. Atualmente, ele já informou à Justiça Eleitoral despesas que somam R$ 2,083 milhões com jatinhos fretados junto às empresas Icon Táxi Aéreo e Líder Táxi Aéreo. Alckmin é um dos que pregam o corte de despesas e campanhas mais baratas. Antes de ser formalizado como candidato do PSDB, na fase de pré-campanha, ele chegou a postar fotos na fila para embarque de voos comerciais.
A campanha informou que as despesas se referem a Alckmin e sua vice, a senadora Ana Amélia Lemos (PP-RS), e disse que ambos usam voos comerciais quando a logística permite. "O fretamento de voos é necessário porque muitas vezes há incompatibilidade entre a agenda dos candidatos e a disponibilidade de voo para a localidade", afirmou a assessoria do tucano.
Com discurso contrário a mordomias e privilégios, o senador paranaense Alvaro Dias, candidato do Podemos ao Palácio do Planalto, gastou R$ 1 milhão na contratação de jatinhos da Sete Táxi Aéreo.
"Gastamos mais para alcançar localidades diversas com mais eficiência, e economizamos em outras áreas da campanha. Não é correto avaliar se há austeridade em matéria de gastos focando apenas um item das despesas", disse Dias, por meio da assessoria.
Outros
Também registraram gastos com jatinhos os presidenciáveis do PDT, Ciro Gomes (R$ 285 mil), do Novo, João Amoêdo (R$ 139 mil) e do MDB, Henrique Meirelles (R$ 58,8 mil). A campanha do ex-presidente Lula, cuja candidatura foi indeferida com base na Lei da Ficha Limpa por causa da condenação na Operação Lava Jato, informou gastos de R$ 161 mil com locação de aeronaves.
Todos gastaram mais com jatinhos do que com passagens. O candidato que mais gastou com passagens aéreas de voos de carreira foi Guilherme Boulos (PSOL). Ele informou ter contratado R$ 218 mil em bilhetes para ele e a equipe de campanha, pagos à agência de viagens Nix Travel, que costuma prestar serviços também ao PT.