Facções tentam influenciar eleição nas 5 regiões do Brasil

O temor de que facções influenciem as eleições nunca foi tão grande

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As autoridades estaduais e federais brasileiras têm indícios de que as facções criminosas que atuam no país já agem para tentar influenciar o processo eleitoral em pelo menos nove estados, espalhados pelas cinco regiões do Brasil, segundo documentos e relatos obtidos pelo UOL.

Essa relação pode ser ainda maior porque, na grande maioria dos casos, as investigações sobre as tentativas das facções de se infiltrarem no mundo político são conduzidas sob enorme sigilo.

De acordo com o coordenador-geral de Defesa Institucional da Polícia Federal, Thiago Borelli, o temor de que as facções influenciem as eleições nunca foi tão grande. "Nossa preocupação é maior neste ano. Infelizmente, em que os esforços para reprimir a criminalidade, a gente percebe que houve um crescimento no poder das facções no país", diz Borelli.

O delegado acrescenta que as três principais preocupações das autoridades em relação à ação das facções nas eleições são: financiamento ilegal de candidatos ou partidos, candidaturas de integrantes de facções ou de pessoas ligadas a elas, e ainda a capacidade de coagir eleitores a votar em candidatos apoiados por essas organizações.

Nordeste: restrições a comícios e criminosos infiltrados

A região Nordeste viu seus índices de violência aumentarem na medida em que as facções criminosas avançaram sobre a região em uma disputa sangrenta por mercado e pontos de escoamento de drogas para o exterior. Há indícios também de que facções estejam tentando coagir eleitores a não votarem em determinados candidatos.

No Ceará, por exemplo, um "salve" (comunicado) atribuído ao Comando Vermelho determinou que não seriam permitidos comícios de um grupo de candidatos nas áreas controladas pelo grupo. A mensagem fez com que o estado solicitasse apoio de tropas federais durante as eleições.

"Essas facções estão se ramificando no Brasil e, claro, elas querem se fortalecer. E só há uma forma de fazer isso, que é através do aparelhamento do Estado", afirmou o procurador-geral de Justiça do Ceará, Plácido Rios.

No Rio Grande do Norte, a situação parece ser ainda mais crítica. Se, no Ceará, traficantes tentam impedir a realização de campanhas em áreas sob sua influência, no estado vizinho, os traficantes querem infiltrar criminosos na política local.

Interceptações telefônicas feitas pelo MP-RN (Ministério Público do Rio Grande do Norte) com autorização da Justiça, em 2016, captaram conversas entre dois suspeitos de integrarem a facção Sindicato do Crime, uma das mais fortes do estado.

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