Celso de Mello declara voto em Lula e chama Bolsonaro de político menor

Ex-ministro do Supremo Tribunal Federal entra para o rol de ex-integrantes da Corte que manifestaram voto no petista, ao lado de Joaquim Barbosa

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CRISTINA CAMARGO

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

O ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Celso de Mello declarou na noite desta terça-feira (27) apoio à candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência da República.

A declaração, entregue pelo decano ao grupo de juristas Prerrogativas, foi revelada pelo blog da jornalista Vera Magalhães, do jornal O Globo, e confirmada pela Folha.

Em nota, Mello justifica a declaração de apoio dizendo que a atuação do presidente Jair Bolsonaro (PL) no cargo revelou uma nação "estarrecida por seus atos e declarações a constrangedora figura de um político menor".

Presidente do STF entre 1997 e 1999, o agora ministro aposentado disse ainda que Bolsonaro não tem estatura presidencial e apresenta elevado coeficiente de mediocridade e é destituído de respeitabilidade política.

Mello citou o fato de o presidente ser adepto de corrente ideológica de extrema-direita "que perigosamente nega reverência à ordem democrática, ao primado da Constituição e aos princípios fundantes da República".

Ainda na nota de apoio a Lula, ele chamou o comportamento de Bolsonaro de vulgar e incompatível com a seriedade do cargo que exerce.

Ex-ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF) — Foto: Rosinei Coutinho/SCO/STF 

"Causou o efeito perverso de vergonhosamente degradar a dignidade do ofício presidencial ao plano menor de gestos patéticos e de claro (e censurável) desapreço ao regime em que se estrutura o Estado Democrático de Direito".

O ex-ministro disse ter certeza de que não vota em Bolsonaro em prol da dignidade da função política e do decoro no exercício do mandato presidencial e em respeito à inviolabilidade do regime democrático.

"É por tais razões que o meu voto será dado em favor de Lula no primeiro turno", completou.

"Celso é um grande democrata. Tem espírito público. Nunca se escondeu na conveniência do silêncio. Uma honra receber o seu apoio", disse à Folha o advogado Marco Aurélio de Carvalho, do Prerrogativas.

Em julho, Mello já havia feito duras críticas ao presidente em carta enviada ao ex-procurador-geral de Justiça de São Paulo Luiz Antônio Marrey.

Na ocasião, ele cancelou, por motivos de saúde, a participação no encontro da Faculdade de Direito da USP que lançaria a "Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado democrático de Direito".

"Bolsonaro, além de sua distorcida visão de mundo, sustentada e exposta por quem ele realmente é, desnuda-se ante a nação como um político medíocre e que, além de possuir desprezível espírito autocrático, também expôs-se, em plenitude, em sua conduta governamental, como a triste figura de um presidente menor, sem noção dos limites éticos e constitucionais que devem pautar a conduta de um verdadeiro chefe de Estado", afirmou na citada carta.

Mello é o segundo ex-presidente do STF a declarar voto em Lula. Joaquim Barbosa, também ministro aposentado, enviou uma série de vídeos à campanha do PT nos quais critica Bolsonaro, defende a segurança do processo eleitoral e declara voto no petista.

Barbosa foi indicado à cadeira na corte pelo ex-presidente, mas depois tornou-se algoz do PT. Ele foi relator do mensalão, processo que atingiu em cheio o governo Lula.

Em um dos vídeos gravados em apoio à campanha petista, o ex-ministro afirma que Bolsonaro não é um homem sério e é visto por grandes democracias como "um ser humano abjeto, desprezível, uma pessoa a ser evitada".

VEJA A NOTA DE APOIO DE CELSO DE MELLO A LULA

"A atuação de Bolsonaro na Presidência da República revelou a uma Nação estarrecida por seus atos e declarações a constrangedora figura de um político menor, sem estatura presidencial, de elevado coeficiente de mediocridade, destituído de respeitabilidade política, adepto de corrente ideológica de extrema-direita que perigosamente nega reverência à ordem democrática, ao primado da Constituição e aos princípios fundantes da República, e cujo comportamento vulgar, de todo incompatível com a seriedade do cargo que exerce, causou o efeito perverso de vergonhosamente degradar a dignidade do ofício presidencial ao plano menor de gestos patéticos e de claro ( e censurável ) desapreço ao regime em que se estrutura o Estado Democrático de Direito! Em defesa da sacralidade da Constituição e das liberdades fundamentais, em prol da dignidade da função política e do decoro no exercício do mandato presidencial e em respeito à inviolabilidade do regime democrático, tenho uma certeza absoluta: NÃO votarei em Jair Bolsonaro!!! É por tais razões que o meu voto será dado em favor de Lula no primeiro turno." (Celso de Mello, ministro aposentado e ex-presidente do Supremo Tribunal Federal).

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