FRANCELI STEFANI
SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - De origem francesa, surgida na idade média, a maçonaria é uma instituição essencialmente filosófica, filantrópica, educativa, que busca o progresso e o constante aperfeiçoamento dos seus membros. É dessa forma que caracteriza o termo, a Grande Oriente do Brasil (GOB), a mais antiga associação de lojas maçônicas brasileiras.
O interesse pelo assunto surgiu após um vídeo antigo do presidente Jair Bolsonaro (PL) viralizar nas redes sociais. As imagens mostram o candidato à reeleição discursando em uma loja maçônica. De acordo com a Super Interessante, o nome vem do francês maçon, que quer dizer pedreiro. Na época em que surgiu, grandes construções em pedra, como castelos e catedrais, eram feitas.
SÍMBOLOS E MISTÉRIOS
O símbolo, inclusive, remete aos instrumentos utilizados pelos trabalhadores que dominavam as técnicas da construção em pedra e guardavam esse segredo. Rodeada de mistérios, a maçonaria é formada majoritariamente por homens, que se reúnem em lojas para estudar e planejar ações.
Segundo a BBC, uma das características é de que os integrantes costumam atribuir aos maçons a ideia de "que eles se valem de suas posições sociais e profissionais para favorecer outros membros e a própria organização". Os maçons, porém, afirmam que isso é um "mito", diz o texto.
Políticos, médicos, profissionais de todas as áreas ingressam na associação por meio de convites de outros membros mais antigos. Passam por entrevistas, análise de histórico e rituais, que não costumam ser detalhados e são restritos aos integrantes.
COMO A RELIGIÃO VÊ A MAÇONARIA?
Recentemente, o Papa Francisco tem falado da sua preocupação com a infiltração maçônica na Cúria e também em outras organizações católicas. Ele, inclusive, alertou contra a Igreja "se tornar uma mera ONG em seus métodos e objetivos.
Do lado dos evangélicos, a maçonaria é considerada uma filosofia oculta, com pacto com o demônio, embora tenha evoluído ao longo dos anos, segue gerando polêmica. O chamado "pacto de silêncio", como são tratadas as reuniões dos integrantes da associação.
CERIMÔNIAS SECRETAS
Cada loja se reúne oficialmente quatro vezes ao ano, em cerimônias de acolhida a novos membros que podem ter uma hora de duração. A publicação ainda diz que as maçonarias não veem com bons olhos que membros discutam política e religião. No entanto, um dos requisitos para entrar para as lojas é acreditar em um poder superior, já que ateus não são aceitos.
AUXÍLIO ENTRE "IRMÃOS"
Segundo o Brasil Escola, a organização está presente em todos os continentes e tem como lema a ciência, a justiça e o trabalho. Tem como foco a liberdade dos indivíduos e dos grupos humanos, sejam eles instituições, raças, nações; a igualdade de direitos e obrigações dos seres e grupos sem distinguir a religião, raça ou nacionalidade. Tem como base também a fraternidade de todos os homens, já que todos são filhos do mesmo criador e, portanto, humanos e como consequência, a fraternidade entre todas as nações.
Os integrantes da maçonaria se ajudam mutuamente e costumam se chamar de irmãos. Antigamente secreta, hoje seus membros são identificados, seja por assinaturas, uso de símbolos ou, até mesmo, por falarem publicamente sobre o tema. O sentido maior da construção "reforça a necessidade constante de aprimoramento moral, intelectual e espiritual''.
QUEM É MAÇOM?
Personagens históricos passaram pela instituição, como, por exemplo, o político Winston Churchill e os escritores Oscar Wilde, Rudyard Kipling e Arthur Conan Doyle. Quando se fala em Brasil, nomes como D. Pedro I, José Bonifácio, Gonçalves Lêdo, Luis Alves de Lima e Silva (Duque de Caxias), Deodoro da Fonseca, Floriano Peixoto, Prudente de Morais, Campos Salles, Rodrigues Alves, Nilo Peçanha, Hermes da Fonseca, Wenceslau Braz, Washington Luiz e Rui Barbosa integraram a organização.
O vice-presidente da República, hoje senador eleito pelo Rio Grande do Sul, general Hamilton Mourão (Republicanos), é integrante do grupo. Em 2019, durante sessão solene no Congresso Nacional, disse que 'a contribuição do maçom à vida pública, política e social vem de longa data e distintas geografias".
A BBC aponta, inclusive, que em diferentes momentos históricos a maçonaria foi acusada de conspirar e influenciar os bastidores da política. De acordo com coluna de Rubens Valente, de 2020, parte importante da maçonaria apoiou a campanha de Jair Bolsonaro em 2018.
O maçom Benjamim Constant abrigou em sua casa uma reunião com Campos Sales, Prudente de Moraes, Silva Jardim, Rangel Pestana, Francisco Glicério, Ubaldino do Amaral, Aristides Lobo e Bernardino de Campos.
Com o apoio de um militar respeitado, o também maçom Deodoro da Fonseca, eles deram o golpe final, segundo o Brasil Escola, no regime que haviam ajudado a criar. A ordem estava no auge do poder político. Esse cenário seguiu até 1930, quando Getúlio Vargas chegou à presidência.