O bispo Dom Mauro Morelli, da Diocese de Luz, em Minas Gerais, criticou o uso político das celebrações do Dia de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, comemorado na quarta-feira (12/10), pelo presidente Jair Bolsonaro (PL). Segundo o líder religioso, o chefe do Executivo agiu como um “agente de satanás” em Aparecida.
“Desrespeitou a Mãe de Jesus e seus outros filhos e filhas, peregrinos famintos de vida com dignidade e esperança”, criticou Morelli.
“Seus endiabrados seguidores deveriam ser presos em flagrante como arruaceiros. São Miguel, cuidado!”, completou Morelli. Na religião católica, São Miguel é o arcanjo da Justiça e líder do exército de Deus contra as forças do mal e das trevas.
O bispo Dom Mauro Morelli é considerado um expoente na luta de combate a fome e miséria no Brasil. Ainda em 2003, foi um dos precursores da instalação do programa Fome Zero, feito no primeiro mandato do ex-presidente Lula (PT). Nas redes sociais, ele já declarou voto ao petista e o defendeu, desmentindo os rumores de que, se eleito, ele vai fechar igrejas e perseguir cristãos.
Ataques em Aparecida
O presidente esteve presente nas comemorações do dia de Nossa Senhora na Basílica Nacional de Aparecida. Durante as celebrações, bolsonaristas causaram tumultos em frente ao templo religioso. Em dois momentos, os apoiadores do presidente hostilizaram profissionais de imprensa e vaiaram o acebispo Dom Orlando Brandes, e interromperam o padre Eduardo Ribeiro durante sua fala na missa.
Ainda no local, um grupo de apoiadores do presidente chegou a perseguir um peregrino que estava vestido de vermelho aos gritos de “nossa bandeira jamais será vermelha”.
Com a série de críticas e tumultos causados do lado de fora do complexo religioso, o padre Camilo Júnior, que celebrava a missa disse não se tratar de uma data para “pedir votos”: “Parabéns a você que está aqui dentro e testemunha. Parabéns a você que está aqui dentro e está rezando, porque hoje não é dia de pedir voto. É dia de pedir bênção”, afirmou o padre, dentro do santuário.