Durante uma entrevista concedida no último domingo (4) a um canal aliado, Eduardo Bolsonaro (PL-SP) voltou a criticar abertamente a situação política no Brasil e indicou que pretende prolongar sua permanência nos Estados Unidos. Licenciado da Câmara dos Deputados por 120 dias, o parlamentar afirmou estar vivendo no Texas uma realidade superior à de “alta autoridade” no Brasil.
"Eu estou vivendo uma vida de classe média e eu posso falar para você que é muito melhor a qualidade de vida do que a vida de uma alta autoridade no Brasil ou de um alto salário no poder público", disse o deputado, que atualmente reside em Arlington, no Texas. Lá, ele criou uma empresa em 2023, por meio da qual movimentou cerca de US$ 140 mil em empréstimos.
ATAQUES A MORAES
A justificativa para continuar em solo norte-americano, segundo Eduardo, tem nome e sobrenome: Alexandre de Moraes. Em sua fala, ele reforçou a intenção de se manter atuante nos bastidores internacionais para prejudicar o ministro do STF.
"Minha qualidade de vida melhorou. Mas, continuo indo com muita frequência a Washington e Miami para fazer essas tratativas porque minha missão prioritária aqui é sancionar o Alexandre de Moraes", declarou, sem apresentar detalhes sobre quais medidas busca ou com quem estaria dialogando.
FUTURO INCERTO
Deputado admite que pode não disputar eleições em 2026
Questionado sobre um possível retorno à política institucional brasileira, Eduardo demonstrou ceticismo quanto a uma nova candidatura e deixou no ar a possibilidade de se manter fora do país de forma permanente.
"Eu estou no meu terceiro mandato de deputado e vamos ver até julho o que deve acontecer. Acho difícil voltar ao Brasil", afirmou, mencionando que José Olímpio (PL-SP) segue ocupando seu lugar na Câmara como suplente.
TEORIA DA CONSPIRAÇÃO
Em tom conspiratório, Eduardo Bolsonaro acusou Moraes de arquitetar um plano para impedir sua candidatura em 2026. Segundo ele, há uma estratégia jurídica para tirar adversários do páreo por meio de condenações em processos de calúnia e difamação às vésperas do pleito.
"Existe uma estratégia que vai eclodir em 2026 que será de virtuais julgamento de senadores e deputados que seriam eleitos em outubro de 2026, poucos meses antes, serão condenados por crimes contra a honra", argumentou.
O parlamentar citou como exemplo a ação movida pela deputada Tabata Amaral (PSB-SP), que o acusa de espalhar fake news ao insinuar que ela teria beneficiado o empresário Jorge Paulo Lemann ao defender o projeto de distribuição gratuita de absorventes.
"Se eu, Eduardo Bolsonaro, for condenado, por exemplo, no processo que a deputada Tabata Amaral move contra mim e que já está há muito tempo pronto para julgamento, em relatoria do Alexandre de Moraes - e ele ainda não me julgou não sei porque. Mas, se o Alexandre de Moraes me condenar em julho, setembro, agosto a uma pena de 4 meses de detenção... No Brasil ninguém vai para a cadeia por 4 meses de detenção, eu vou ter que pagar no máximo uma cesta básica, indenização. No entanto, durante esses quatro meses de condenação, a Constituição diz que o condenado perde seus direitos políticos. E daí, no primeiro domingo de outubro de 2026 eu não estarei com meus direitos políticos. Eu não poderei ser votado para ser deputado federal, estadual ou qualquer cargo", declarou. "Isso ai tem muita chance de acontecer em 2026", completou.
RECLUSÃO ESTRATÉGICA
Ao final da entrevista, o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou que pretende continuar nos Estados Unidos caso não consiga “frear” Alexandre de Moraes, reforçando que se sente mais útil fora do país do que dentro do Congresso.