O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) voltou a acirrar os ânimos entre os Poderes nesta quarta-feira (16) ao intensificar os ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao governo Lula, pressionando por uma anistia ampla para o ex-presidente Jair Bolsonaro. Em publicação nas redes sociais, ele chegou a sugerir, de forma metafórica, que os Estados Unidos poderiam “jogar uma bomba nuclear” no Brasil caso a demanda não avance.
“Não. Presidente Donald Trump não jogou uma bomba nuclear no Brasil — ainda”, escreveu o deputado, ao compartilhar um vídeo do comentarista bolsonarista Paulo Figueiredo, neto do ex-ditador João Figueiredo.
Sanções e chantagem diplomática
A referência à “bomba” diz respeito à tarifa de 50% que será imposta a produtos brasileiros a partir de 1º de agosto, conforme anunciou a Casa Branca. Segundo o governo norte-americano, a taxação responde aos processos judiciais em curso contra Bolsonaro, investigado por tentativa de golpe de Estado. Eduardo, no entanto, tem buscado atrelar a sanção comercial à pauta de anistia, numa tentativa de instrumentalizar o conflito diplomático como forma de pressão política interna.
No vídeo compartilhado, Paulo Figueiredo afirma que ele e Eduardo estariam atuando nos Estados Unidos para bloquear qualquer negociação entre os países que não inclua uma anistia total ao ex-presidente.
“Com a diferença de que um é filho do ex-presidente e o outro já goza de uma enorme credibilidade aqui dentro”, afirmou o comentarista, alegando ainda que ambos estariam reunidos com o Departamento de Estado dos EUA, embora nenhuma comprovação oficial tenha sido apresentada.
Movimentos do governo e tentativa de desestabilização
As declarações ocorrem em meio aos esforços do governo Lula para reverter ou atenuar os impactos econômicos da medida imposta por Trump. As articulações diplomáticas são lideradas por Geraldo Alckmin, vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, e por Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, ambos tentando construir pontes com empresários e autoridades norte-americanas.
Nos bastidores de Brasília, a ação de Eduardo tem sido interpretada como uma tentativa deliberada de sabotar qualquer solução institucional para a crise comercial, ao atrelar a discussão econômica a um tema sensível do Judiciário.
Radicalização e ambições políticas
A estratégia do filho do ex-presidente visa reforçar o núcleo mais radical do bolsonarismo, num momento de isolamento crescente da figura de Jair Bolsonaro. Eduardo tenta se posicionar como o principal interlocutor entre a base fiel da extrema direita brasileira e a ala trumpista dos EUA, apostando em projeção internacional como trampolim para 2026.
Embora sem cargo formal no Executivo, Eduardo atua como um porta-voz informal de uma corrente que prega ruptura institucional, pressionando o STF e o Palácio do Planalto por meio de declarações inflamatórias e aproximações com figuras da política externa ultraconservadora.