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Eduardo Bolsonaro ameaça Motta e Alcolumbre; deputado também ataca postura de Tarcísio

Apesar do cenário de tensão e de suas ameaças de exílio permanente, Eduardo Bolsonaro não escondeu a ambição de concorrer à Presidência da República nas eleições de 2026.

Eduardo Bolsonaro diz que pode ficar décadas fora do Brasil. | Foto: Reprodução/Redes Sociais
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Em entrevista ao jornal O Globo, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) subiu o tom contra os presidentes do Senado e da Câmara, Davi Alcolumbre (União-AP) e Hugo Motta (Republicanos-PB), respectivamente. O parlamentar bolsonarista exigiu que os dois líderes pautem imediatamente o impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do STF, e a chamada “anistia ampla, geral e irrestrita” aos envolvidos nos atos golpistas. Caso contrário, afirmou que ambos já estariam “no radar das autoridades americanas”.

“Uma vez que não é pautado o impeachment do ministro Alexandre de Moraes no Senado, uma vez que o presidente da Câmara não pauta uma anistia, eles estão entrando no radar das autoridades americanas. As pessoas que estão em posição de poder têm responsabilidades e estão sendo observadas pelas autoridades americanas. Todos eles estão no radar”, declarou.

Guerra internacional e lobby contra o Brasil

Eduardo também afirmou que está empenhado em fazer com que o governo dos Estados Unidos, sobretudo a ala ligada a Donald Trump, reaja à atuação do ministro do STF. Ele admitiu que está promovendo articulações para ampliar sanções contra o Brasil no cenário internacional.

“Estou levando a prisão ao conhecimento das autoridades americanas e a gente espera que haja uma reação. Não é da tradição do governo Trump receber essa dobrada de aposta do Alexandre de Moraes e nada fazer. O que eles vão fazer, eu não sei. Não sei se isso vai passar pela mesa do Trump ou pelo secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio. Espero que haja uma reação nos próximos momentos.”

Segundo ele, tem mantido reuniões semanais com representantes do governo norte-americano, embora não tenha especificado nomes nem detalhes sobre o tipo de atuação que tem desenvolvido.

Exílio como estratégia

O deputado afirmou que não pretende retornar ao Brasil enquanto Alexandre de Moraes estiver no STF. Para ele, voltar ao país sem que o ministro seja “anulado” significaria a prisão imediata. Eduardo revelou, inclusive, que está disposto a viver “décadas em exílio” nos Estados Unidos, sem esclarecer como permanece legalmente no país, considerando o discurso anti-imigrante de Trump.

“Se eu retornar, sei que vou ser preso. Primeiramente, tenho que tirar o Alexandre de Moraes dessa equação, anular ele, isolá-lo. A gente tem que aprovar uma anistia para que alcance todos os perseguidos por Moraes. Os meus planos aqui são: ou tenho 100% de vitória, ou 100% de derrota. Ou saio vitorioso e volto a ter uma atividade política no Brasil, ou vou viver aqui décadas em exílio. É o que eu estou assumindo, estou aceitando esse risco, porque eu acho que vale a pena.”

Crítica a Tarcísio e ao “diálogo”

Sobrou também para Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo e ex-ministro de Jair Bolsonaro. Eduardo desferiu críticas à postura considerada “conciliadora” de Tarcísio em relação ao STF, especialmente a Alexandre de Moraes. O deputado ironizou a tentativa de diálogo com o ministro e fez referência à carta assinada por Michel Temer em 2021, na qual Bolsonaro recuou após ataques a Moraes.

“Com relação ao Tarcísio, cada um tire suas conclusões. O Tarcísio ainda acredita numa estratégia de diálogo, de colocar panos quentes e ver se consegue extrair alguma benesse disso. Eu não acredito, porque foi infrutífero no passado. O caso mais notório é aquela cartinha do (Michel) Temer, sugerida pelo ex-presidente depois do 7 de setembro (de 2021) onde, teoricamente, dizem, havia um acordo. [...] O Moraes dobrou a aposta e continuou perseguindo. Por que eu vou sentar com um cara desse? Por isso que eu tenho sido muito ácido na minha crítica ao Moraes, colocando ele na prateleira de um psicopata. Não coloco nessa mesma prateleira os outros ministros do STF. [...] Dá para garantir uma normalidade mínima apenas tirando Moraes do tribunal.”

Olho em 2026

Apesar do cenário de tensão e de suas ameaças de exílio permanente, Eduardo Bolsonaro não escondeu a ambição de concorrer à Presidência da República nas eleições de 2026, caso receba o aval do pai. Para isso, contudo, impõe como condição o avanço das pautas defendidas pelo bolsonarismo radical.

“Essa é uma decisão que passa pelo presidente Bolsonaro. Mas, antes, tenho que ter sucesso nessa questão de resgate da normalidade democrática no Brasil e no isolamento do Alexandre de Moraes, na anistia, em todas essas pautas. Porque isso daria tranquilidade para eu voltar ao Brasil sem ser preso. Se, nesse cenário, Jair Bolsonaro quiser me apoiar, eu sairia candidato a presidente da República.”

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