Dois vereadores piauienses, Fabiano (MDB), de Vera Mendes, e Manoel Nascimento (Republicanos), de Amarante, estão entre os eleitos em 2024 que constam na lista suja do trabalho escravo, divulgada pelo Ministério do Trabalho.
A inclusão na lista está relacionada a irregularidades graves encontradas em seus negócios, que foram multados por manterem trabalhadores em condições análogas à escravidão. As infrações identificadas incluem falta de acesso à água potável, condições insalubres e exposição a substâncias tóxicas.
Esses dados fazem parte de um levantamento do g1, realizado a partir de um cruzamento entre os 63 mil prefeitos e vereadores eleitos em 2024 e as 717 pessoas e empresas presentes na última edição da lista suja, atualizada em dezembro de 2024.
Criada em 2003, a lista tem como objetivo combater o trabalho escravo no Brasil e atua como uma ferramenta de transparência e prevenção, sendo atualizada semestralmente.
Em meio a esse cenário, o frei Xavier Plassat, coordenador do programa de combate ao trabalho escravo da Comissão Pastoral da Terra, destaca a contradição de gestores públicos que têm empresas autuadas por exploração de trabalho escravo. Ele aponta que, embora os eleitos sejam esperados a buscar o bem comum, as situações reveladas evidenciam que nem sempre é isso que ocorre na prática.
Embora a inclusão na lista suja não impeça os eleitos de exercerem seus cargos, já que não houve condenação judicial definitiva, as repercussões negativas podem afetar sua imagem e trazer consequências, como dificuldades para obter financiamentos públicos, restrições para participar de licitações ou até o bloqueio de bens.
Entre 2021 e 2023, 149 trabalhadores foram resgatados em estabelecimentos ligados aos seis envolvidos. Eles estavam submetidos a jornadas exaustivas, trabalho forçado e alojamentos precários, situações que evidenciam a grave violação dos direitos trabalhistas, apesar de não estarem impedidos fisicamente de deixar seus postos de trabalho.
Além disso, as empresas envolvidas foram multadas, e três delas não quitaram as dívidas, sendo inscritas na dívida ativa da União, o que pode gerar ainda mais complicações legais para os envolvidos.