Dilma vai reiterar pedido de reforma em conselho da ONU

Dilma chega aos EUA no domingo (8) e volta ao Brasil na terça-feira (10).

O embaixador Tovar Nunes responde a perguntas pelo Twitter | Divulgação / MRE
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A presidente Dilma Rousseff vai "reiterar o compromisso" do Brasil em relação à reforma do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) na viagem que fará aos Estados Unidos, informou nesta quinta (5) o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, embaixador Tovar Nunes.

Ele respondeu na tarde desta quinta a perguntas sobre a viagem da presidente no perfil oficial da pasta no microblog Twitter.

"Nessa visita, queremos reiterar o compromisso comum com a reforma do CSNU [Conselho de Seguranças das Nações Unidas], dotando-o de mais legitimidade e eficácia", disse o embaixador. O Brasil pleiteia uma vaga de membro permanente do conselho.

A viagem da presidente aos EUA começa no domingo (8). Na segunda-feira, ela se reúne com o presidente americano Barack Obama e empresários brasileiros e americanos no chamado Fórum Brasil-EUA de Altos Empresários, que reúne CEOs de ambos os países.

A viagem ? primeira ao país desde que Dilma se tornou presidente ? ocorre pouco mais de um ano após a vinda de Obama ao Brasil, em março de 2011.

Na ocasião, o norte-americano veio acompanhado da família e visitou Brasília e o Rio de Janeiro. Dilma tem retorno previsto ao Brasil na terça-feira (10).

Comércio exterior

De acordo com o porta-voz do Itamaraty, Brasil e Estados Unidos negociam "entendimentos" nas áreas de aviação e comunicações.

Nunes informou que os EUA reconhecerão a cachaça como produto tipicamente brasileiro, o que, segundo ele, deve facilitar a exportação do produto ao país.

O embaixador disse também que o Brasil monitora os debates sobre a nova legislação americana para a agricultura. "O Brasil acompanha atentamente a discussão da nova lei agrícola nos EUA, que pode impactar as exportações brasileiras", afirmou.

Comércio exterior e a economia mundial terão destaque na pauta da viagem. Dilma deverá levar aos EUA o discurso que vem reiterando sobre a crise internacional. Ela chegou a chamar de ?tsunami monetário" as políticas de proteção dos países ricos, que injetam dólares em diversos mercados e reduzem a cotação do dólar frente às moedas locais. Com isso, as exportações ficam prejudicadas, o que tem acontecido no Brasil.

A integração nas discussões sobre a crise econômica será assunto do encontro com Obama. "A crise econômica internacional e coordenação Brasil-EUA no G-20 terão destaque na conversa entre os Presidentes", disse Nunes.

O porta-voz comentou ainda a eleição para a presidência do Banco Mundial. Nesta quinta-feira, o ministro Guido Mantega recebeu um dos candidatos a presidente da instituição, o coreano Jim Yong Kim, que tem o apoio dos Estados Unidos. "O Brasil defende que a escolha do próximo presidente seja feita com base em competência e experiência", disse Nunes.

Sobre a questão dos vistos para a entrada de brasileiros nos Estados Unidos, o porta-voz lembrou que imigração é um assunto interno de cada país, mas lembrou que os dois países têm trabalhado em uma maior aproximação. "O cronograma do processo que pode levar à isenção de visto para brasileiros cabe, contudo, aos EUA", afirmou Nunes.

Perguntado sobre a questão de Guantánamo, o embaixador lembrou que existem diálogos bilaterais sobre direitos humanos, mas afirmou que o tema da prisão americana em Cuba não será especificamente tratado. "Não está previsto que a questão de Guantánamo seja singularizada na reunião", informou.

Por outro lado, o embaixador deixou clara a posição do Brasil sobre a participação de Cuba na próxima Cúpula das Américas, que ocorre nos dias 14 e 15 de abril. "A posição do Brasil é a de que esta deve ser a última Cúpula das Américas sem Cuba", defendeu.

A abordagem da questão entre Palestina e Israel, no entanto, não foi detalhada. "As legítimas aspirações do povo palestino e a segurança de Israel são preocupações constantes do Brasil".

Cooperação científica

Na segunda-feira, a presidente seguirá para Boston, onde se encontrará com as duas mulheres que comandam a Universidade de Harvard e o Massachusetts Institute of Technology (MIT). Na cidade, ela se reunirá também com universitários brasileiros e com o governador de Massachusetts, além de discursar na Kennedy School of Government.

As reuniões em Boston indicam um dos focos da viagem: a cooperação científica. Segundo o embaixador, o Brasil quer manter o diálogo de alto nível com os EUA, e buscar uma "maior cooperação em ciência, tecnologia e inovação".

Também está prevista a assinatura de um convênio entre o Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) e a Smithsonian Institution para treinamento de profissionais na área de museus.

Outro dos objetivos da viagem é a negociação de bolsas para o programa federal brasileiro de incentivo a intercâmbio acadêmico, Ciência sem Fronteiras. O governo pretende conceder mais de 100 mil bolsas de graduação, mestrado e doutorado a estudantes brasileiros até 2015.

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