A presidente da República, Dilma Rousseff (PT), participou no início da tarde desta terça-feira (17) de uma reunião com políticos em União da Vitória, no sul do Paraná ? uma das cidades mais atingidas pelas chuvas no estado. Ela afirmou que o governo federal colocará "quantos recursos para reconstrução forem necessários" à disposição do município e das regiões atingidas, e garantiu "acesso prioritário" aos programas de assistência social do governo para os moradores prejudicados.
Mais cedo, Dilma sobrevoou áreas atingidas pelas chuvas nos estados do Paraná e Santa Catarina. O estado vizinho teve cerca de 400 mil pessoas afetadas em 42 municípios, de acordo com a Defesa Civil. No Paraná, foram 773.511 pessoas atingidas em 168 municípios, dos quais 147 tiveram situação de emergência decretada. Mais de 43 mil pessoas foram desalojadas, e mais de seis mil ficaram desabrigadas após as chuvas.
Em União da Vitória, 52.616 pessoas foram atingidas e 12.152 pessoas desalojadas permanecem fora de casa nesta terça, assim como os 520 que precisaram de abrigos públicos. A cidade, que possui cerca de 53 mil habitantes, registrou uma morte e 65 feridos, além de uma estimativa de prejuízo de R$ 100 milhões, de acordo com a Defesa Civil. Os números reais, porém, só devem ser conhecidos após a água baixar, uma vez que cerca de 40% da cidade ainda está alagada.
?Eu sobrevoei e vi casas completamente cobertas, só dava para ver os telhados. Eu nunca tinha visto em áreas urbanas algo nessa proporção, de uma cidade inteira quase desaparecer?, afirmou a presidente em pronunciamento após a reunião. Dilma sugeriu ainda a constituição de um comitê local formado por prefeitos da região, governo do estado e governo federal, para identificar as necessidades prioritárias dos municípios.
A presidente disse que se comprometeu com as autoridades locais, assim que a água baixar, a examinar a execução de projetos como a construção de uma nova ponte na cidade, assim como um canal extravasor no Rio Iguaçu, para aumentar a prevenção contra enchentes. ?Estamos à disposição. O que for necessário, será liberado. Não barganhamos dinheiro em momentos de emergência. Faremos um esforço imenso, nas coisas de reconstrução, avaliação com os prefeitos?, disse Dilma. Além disso, a presidente ainda orientou as autoridades locais para que a reconstrução de casas seja feita longe das áreas de risco. ?Que a gente aproveite esse imenso limão e faça uma limonada. Vamos retirar as pessoas das beiras de córregos e rios?.
Assistência
Segundo Dilma, as famílias atingidas pelas chuvas terão prioridade absoluta para receber recursos de programas federais como o Minha Casa Minha Vida e o Minha Casa Melhor. Um cartão deve ser feito através de cadastramento junto à prefeitura do município para facilitar a compra de equipamentos e eletrodomésticos necessários ao restabelecimento das famílias.
Além disso, Dilma garantiu a liberação do acesso ao dinheiro do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para os trabalhadores, e facilidades para financiamentos às indústrias, e se comprometeu a analisar a interrupção temporária do pagamento de impostos federais. ?Obviamente, você não vai cobrar imposto de uma cidade que foi interrompida pela chuva, seria um absurdo?.
Recursos
Antes das medidas anunciada nesta terça, o Paraná havia recebido R$ 3,9 milhões, em recursos do governo federal, através do Ministério da Integração Nacional, para lidar com os estragos provocados pela chuva. A quantia, conforme informado, é referente aos recursos em espécie e também com outros tipos de ajuda, como o apoio de helicópteros do Exército, que custaram R$ 90 mil.
Entre os valores gastos pelo governo federal para ajudar as vítimas no Paraná, estão a compra de 4,2 mil kits de alimentos, 4,2 mil kits de dormitórios, a implantação de uma ponte móvel no município de São João do Triunfo, que custou R$ 150 mil e outras ações de auxílio do Exército, cujo valor chegou a R$ 105 mil. O Ministério da Integração também informou que o estado deverá receber outros 10 mil kits de alimentos, 8 mil kits de dormitórios e outras duas pontes móveis.
Rio Iguaçu
A situação no município de União da Vitória ainda é preocupante, porque o Rio Iguaçu registrou novo recorde de profundidade na segunda-feira (16) ? 8,11 metros. O nível normal do trecho do rio que cerca todo o município é 2,5 metros de profundidade. Segundo a prefeitura, a cheia do Rio Iguaçu é uma das maiores dos últimos 20 anos, e a estimativa é que o nível do rio volte ao normal em 15 dias.
Doações
A Secretaria de Assistência Social de União da Vitória pede doações de alimentos, materiais de limpeza, cobertores e colchões. A entrega deve ser feita no ginásio da faculdade Uni-Uvi, que fica na Rua Balduíno Bohrer, 37. Já os moradores que precisam receber doações devem se cadastrar nos Centros de Referência de Assistência Social (Cras) ou na Secretaria Municipal de Assistência Social.
Além disso, os moradores que foram atingidos pelos alagamentos também têm direito a desconto na conta de água, parcelamento da conta de luz e do FGTS. Para ter direito ao benefício, os moradores precisam se cadastrar na Secretaria Municipal de Educação ou no aeroporto. O recebimento dos benefícios está sujeito à avaliação da prefeitura.
No restante do estado, as doações para as vítimas da chuva estão sendo arrecadadas em todos os órgãos públicos, prefeituras, delegacias e batalhões da Polícia Militar (PM). Em Curitiba, as doações são encaminhadas ao Provopar, que faz a separação dos materiais.
Há necessidade de colchões, cobertores, roupas de cama, fraldas, água, materiais de higiene e limpeza, roupas, cestas básicas, entre outros.