Após se reunir com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na sexta-feira, a presidente Dilma Rousseff praticamente decidiu que, sem uma resposta convincente do governo dos EUA sobre as suspeitas de espionagem pela Agência de Segurança Nacional (NSA), deve desistir da visita de Estado a Washington, marcada para outubro, a convite de Barack Obama.
A decisão de cancelar a viagem poderá ser anunciada oficialmente nesta semana, após o encontro de Dilma com o ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo. A decisão ocorreria antes da viagem da presidente à Nova York, marcada para a semana que vem.
Nesta terça-feira, a presidente Dilma Rousseff terá a primeira reunião oficial com o chanceler brasileiro, que na quarta-feira passada foi recebido em Washington pela assessora de Segurança Nacional da Casa Branca, Susan Rice. Na ocasião, o governo americano deu novas explicações sobre as denúncias de espionagem das comunicações da presidente, da Petrobrás e de cidadãos brasileiros.
O governo brasileiro tenta construir uma última etapa de negociação para evitar o cancelamento da viagem da presidente. O palco seria em 24 de setembro, dia em que Dilma e Obama discursarão na abertura da Assembleia da ONU. Apesar de sua determinação, até este momento, de não ir, a presidente Dilma está convencida de que Obama poderá criar condições políticas para a viagem sair, por exemplo, neste encontro em Nova York.
Para que a viagem seja viabilizada, o governo Obama precisaria dar garantias de que o caso será esclarecido, uma vez que todas as explicações dadas até agora não se mostraram convincentes para Dilma. "Imagine se a presidente está lá em Washington e sai um outro vazamento com uma outra denúncia grave como as últimas, que espionaram isso ou aquilo. Será um vexame monumental", disse um interlocutor da presidente.
No encontro com Barack Obama em São Petersburgo, na Rússia, no início de setembro, o americano deu demonstrações a Dilma de que estava empenhado em buscar respostas para apresentar e que providências seriam tomadas. Mas nada convincente chegou a Dilma.
A presidente já avisou que não quer criar uma crise política com os EUA ou mostrar intransigência, mas precisa deixar claro que as denúncias são "muito graves", "inaceitáveis" e que isso não pode continuar. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.