A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, pré-candidata do PT à Presidência, colocou mais o "pé na estrada" no Brasil e no exterior após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva apadrinhá-la em dezembro de 2008 como a ?pessoa mais gabaritada? para assumir o seu lugar no comando do país. À época, Lula disse "insinuar" que Dilma poderia ser a sua candidata.
Um levantamento feito pelo R7 na agenda da ministra, no portal da Casa Civil, mostra que, no período anterior ao anúncio de Lula [durante todo 2008, até dezembro], ela passou pelo menos 69 dias viajando contra 87 ao longo de todo o ano passado até o dia 19 deste mês.
O levantamento considerou as viagens com ou sem o presidente e sua comitiva e descartou viagens em que Dilma não estava em compromisso oficial, como exames médicos realizados em São Paulo (23 de dezembro do ano passado) por conta do tratamento contra um câncer a que se submeteu.
O nome da ministra como candidata potencial ganhou fôlego no ano passado e Dilma passou a acompanhar mais o presidente em inaugurações, como obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), programa do qual é ?gerente? e cerimônias do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida, outra vitrine que deverá ser usada nas eleições.
Um dos objetivos das viagens, segundo fontes do PT ouvidas pela reportagem, é tornar o rosto da ministra mais conhecido perante a população. A mais recente pesquisa eleitoral, de dezembro, mostra que Dilma está em segundo lugar na disputa, com 18% das intenções de voto, contra o seu provável adversário, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), com 39%.
Em dezembro, a ministra negou excesso de viagens em função da pré-campanha e disse que coordena os programas do governo. Já para a oposição, a maioria das viagens é eleitoreira e chega a ser alvo de ação no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), como a ?caravana do São Francisco?. O DEM, PSDB e PPS alegaram que foi campanha antecipada a visita de três dias às obras de transposição do rio São Francisco, em outubro.
Em março, a visita ao São Francisco deverá ter uma segunda fase e serão visitados os Estados de Pernambuco e Piauí para ver de perto as obras da ferrovia Transnordestina. Em abril, Dilma voltará a percorrer os trilhos da ferrovia também na companhia de Lula, só que desta vez no Ceará.
Para 2010, as viagens devem se intensificar principalmente nos Estados, cujo cenário o PT considera mais complicado, como São Paulo, que é dominado há mais de 16 anos por governos tucanos, partido do seu provável adversário. A maratona será até 3 de abril, quando, pela lei eleitoral, a ministra precisa deixar o cargo para poder ser candidata.
O recém-eleito presidente do PT muncipal, Antonio Donato, disse no ano passado ao R7 que o partido vai organizar "caravanas" pelo Estado, de março a junho, para mobilizar militantes pela campanha da ministra.
Para o marqueteiro Nelson Biondi, que já fez campanhas para o PSDB, a ministra Dilma já está na segunda etapa de sua pré-campanha.
- Ela já antecipou a campanha faz tempo, colocou o bloco na rua o ano passado todo. O que acontece agora é outra etapa, ela já tá antecipando até o discurso que vai usar, que é esse confronto com a oposição.
A Casa Civil foi procurada pela reportagem, mas não deu retorno até a publicação da matéria.