O ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), José Eduardo Cardozo, afirmou na madrugada desta segunda-feira (18) que, apesar de a Câmara ter autorizado o prosseguimento do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, a petista não pretende renunciar ao mandato nem "fraquejar".
Os deputados federais aprovaram, na noite de domingo. por 367 a favor, 137 contra, 7 abstenções e 2 ausências a continuidade do processo de afastamento de Dilma da Presidência. O caso será, agora, analisado pelo Senado.
"Eu ouvi indagarem: ela [Dilma] vai renunciar? Ela vai de alguma forma fraquejar? Não. Uma pessoa que acredita em causas que luta por causa vai até o fim desta luta para escrever na história que ela não se acorvadou e que brigou pelo que acredita. Se ela é vítima hoje de uma ação orquestrada, cabe a ela lutar com suas forças para demonstrar à sociedade que não se abre mão da democracia que foi tão duramente conquistada", disse Cardozo.
De acordo com ele, se engana quem imagina que Dilma "se curvará" diante do resultado da votação deste domingo. "Ela lutará com todos aqueles que querem a manutenção do estado de direito", ressaltou o ministro.
Dilma irá se manifestar nesta segunda-feira (18) sobre a decisão da Câmara. O ministro, no entanto, não informou o horário no qual a presidente fará o pronunciamento. Cardozo relatou que o governo recebeu com "indignação e tristeza" o resultado da votação do processo de impeachment na Câmara.
Para Marcelo Issa, diretor-executivo da Pulso Público, o governo ainda não deu sua última cartada. Nesta segunda, o diretório nacional do PT analisa a proposta de lançar uma campanha pela realização de novas eleições para a presidência – ideia palatável inclusive para o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que confabula uma hipótese semelhante com aliados na Casa.
A ideia do PT é apresentar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para convocar novas eleições. O texto só dependeria da aprovação do Senado para sair do papel. “A gente não pode esquecer que a situação do governo Dilma no Senado é mais favorável do que na Câmara”, afirma Issa, da Pulso Público.
Ainda restam dúvidas se o governo terá condições de salvar o mandato da petista. Tudo indica que o jogo ainda não acabou.