Os candidatos à Presidência da República Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) participaram na noite deste domingo (10), em São Paulo, do primeiro debate deste segundo turno das eleições. O encontro foi promovido pela TV Bandeirantes.
O debate foi dividido em cinco blocos. No primeiro, os candidatos responderam a uma pergunta feita pelo mediador sobre qual tema era considerado o mais importante em seu programa de governo. Na sequência, os candidatos fizeram perguntas entre si. Quem perguntava tinha direito a réplica e o que respondia pode usar a tréplica. Nos segundo, terceiro e quarto blocos, os candidatos fizeram perguntas entre si seguindo as mesmas regras do final do primeiro bloco. No último bloco, os presidenciáveis tiveram três minutos cada para suas considerações finais.
O encontro, que durou cerca de duas horas, abordou os seguintes temas: educação, distribuição de renda, descriminalização do aborto, denúncias de corrupção, segurança pública, situação econômica das santas-casas, tratamento de dependentes químicos, capitalização da Petrobras, exploração do pré-sal, privatizações, medicamentos genéricos, infraestrutura de portos e aeroportos, programas sociais e o programa habitacional Minha Casa, Minha Vida.
Ainda no primeiro bloco, o clima de confronto aberto entre os candidatos tomou conta. Dilma fez a primeira pergunta a Serra acusando o tucano e seus aliados de fazer uma campanha ?do submundo da política?. O tucano respondeu que Dilma estava se vitimizando. Ele afirmou que a população cobra coerência e que por isso as declarações anteriores da petista a favor da descriminalização do aborto precisavam ser conhecidas. ?Trata-se de ser coerente, de não ter duas caras?.
A petista fez sua réplica no mesmo tom. Ela afirmou que o adversário tinha de ter cuidado para não ter ?mil caras?. Dilma disse que Serra fez a regulamentação dos casos em que o aborto é permitido quando era ministro da saúde. O tucano, em sua tréplica, afirmou que ele apenas editou uma norma técnica para disciplinar a realização de abortos nos casos de estupro e de risco de vida para a mãe, que já estão previstos na legislação desde 1940. O tema aborto foi retomado ainda pelos candidatos em outros momentos do debate.
As discussões sobre privatizações foram assunto em boa parte do encontro dos presidenciáveis. Dilma perguntou primeiro ao adversário sobre a recente capitalização da Petrobras e o aumento da participação da União na empresa. O tucano respondeu atacando ao afirmar que no governo Lula foram vendidas ações do Banco do Brasil reduzindo o capital nacional no banco.
Dilma foi mais direta na sequência e citou declarações atribuídas a aliados de Serra defendendo a ?privatização? da exploração do petróleo da camada pré-sal. Ela afirmou que tinha dúvidas se não haveria intenção também de privatizar a Petrobras.
O tucano afirmou que tem coerência e que não vai ?pela cabeça dos outros?. Serra destacou uma entrevista antiga do atual presidente do PT, José Eduardo Dutra, na qual ele elogia a lei do Petróleo, aprovada no governo Fernando Henrique, que acabou com o monopólio da Petrobras.
Serra atacou também ao valorizar as privatizações feitas na área de telefonia. ?Se fosse pelo PT, o Brasil seria o país do orelhão?, afirmou o tucano. Dilma rebateu e afirmou que seu país é o da banda larga, em referência ao Plano Nacional de Banda Larga.
Outro tema bastante explorado foi segurança pública. Serra puxou o tema defendendo que um ministério específico poderá ajudar a resolver os problemas nesta área. O tucano destacou a queda na taxa de homicídios em São Paulo e destacou a necessidade de se reforçar o policiamento nas fronteiras. Dilma afirmou que o governo federal já firmou parcerias com os governos estaduais para melhorar o policiamento nas fronteiras e destacou os veículos aéreos não tripulados (Vants) como reforço nessa área.
No último bloco, Dilma foi a primeira a realizar suas considerações finais. Ela reclamou de ataques que vem recebendo na campanha, afirmou que existe uma disputa entre dois projetos, um ligado ao governo Fernando Henrique Cardoso e outro ao governo Lula, e pediu o voto dos eleitores. ?Quero pedir, de forma humilde, o seu apoio e o seu voto, e dizer que vocês podem contar comigo porque eu estou preparada para ser Presidente da República?.
Serra encerrou sua participação contando um pouco de sua história de vida. O tucano destacou também a necessidade de se construir uma economia forte para se conseguir um crescimento sustentado. Serra afirmou que vai fortalecer os programas sociais e também pediu votos. ?Quero pedir o seu voto, e se você já vota em mim, eu queria pedir uma coisa adicional, consiga mais um voto. Vamos juntos nessa batalha?.