O PT deverá formalizar nesta quinta ou sexta-feira a agenda de participação da presidente Dilma Rousseff e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em eventos de campanha de petistas e de aliados no segundo turno das eleições municipais. A presença de Dilma está prevista em ao menos três capitais, onde a disputa é contra a oposição. Ela ajudará as campanhas de Fernando Haddad (PT), em São Paulo; Vanessa Grazziotin (PCdoB), em Manaus; e Nelson Pelegrino (PT), em Salvador.
Um dia depois das condenações dos petistas, Dilma saiu de Brasília para almoçar com Lula em São Paulo ? viagem só anunciada em sua agenda quando ela já estava na capital paulista. Lá trataram da agenda eleitoral e das condenações no julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal. Ela chegou ao escritório da Presidência, na Avenida Paulista, às 14h, acompanhada por integrantes da cúpula do partido: o ministro da Educação, Aloizio Mercadante; o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho; o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel; e o assessor da Presidência para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia. Lula chegou com antecedência de uma hora.
Antes mesmo do resultado do primeiro turno, em que o PT perdeu a disputa em Belo Horizonte, a presidente avaliou que sua participação nas campanhas deveria ter sido mais intensa. Foi reconhecido como erro o fato de Dilma não ter entrado antes e de forma mais assertiva na campanha de Patrus Ananias (PT), na capital mineira.
O que mais pesa no cálculo da presidente, ao decidir intensificar sua participação nas campanhas, é a necessidade de começar a imprimir com mais vigor sua marca própria nas articulações políticas, criando uma rede de aliados que possam apoiá-la em 2014. A ação visa também a evitar que as vitórias do PT sejam creditadas apenas na conta de Lula e, assim, estreitar relações da presidente com aliados, preparando o terreno para sua campanha à reeleição.
Presidente irá a Manaus, e negocia ida a Salvador
Antes de ir para São Paulo, a presidente Dilma Rousseff se reuniu ontem com o líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), para acertar a ida dela a Manaus, entre os dias 18 e 20. Ela vai reforçar o palanque da senadora Vanessa Grazziotin, candidata do PCdoB e apadrinhada por Braga, que está perdendo, para o tucano Arthur Virgílio, o apoio de partidos aliados.
Vanessa contava já como certo o apoio do deputado Pauderney Avelino, o candidato do DEM no primeiro turno, mas o diretório nacional do partido fez intervenção ontem em Manaus, obrigando o apoio ao tucano. A candidata comunista teve a metade dos votos de Virgílio, que obteve 40% dos votos no domingo.
A data da ida de Dilma a Salvador, onde o petista Nelson Pelegrino enfrentará ACM Neto, do DEM, também será definida até amanhã. A presença da presidente na capital baiana se tornou mais necessária após o PMDB local, liderado pelos irmãos Geddel e Lúcio Vieira Lima, formalizar o apoio ao candidato demista.
Segundo interlocutores do Palácio do Planalto, a participação de Dilma nas campanhas não integra o projeto de petistas de tentar ?dar o troco? nos adversários por causa do julgamento do mensalão. Ao contrário, relatam aliados da presidente, o mensalão é um assunto que pouco a afeta e do qual prefere manter distância, apesar de sua simpatia por um dos réus, o ex-presidente do PT José Genoino.
Seu objetivo, dizem, é garantir seu espaço num cenário em que o governador de Pernambuco e presidente do PSB, Eduardo Campos, saiu fortalecido no primeiro turno; o PMDB se descolou do governo em alguns estados; e o senador Aécio Neves (PSDB) reafirmou sua influência sobre Minas.