A presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição, disse que o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa tinha as credenciais necessárias para ser escolhido diretor da estatal. A declaração foi feita durante entrevista ao programa "Bom Dia Brasil", da Rede Globo, veiculado na manhã desta segunda-feira (22).
Costa é acusado de ter operado um esquema de desvio de recursos da Petrobras que seria destinado a políticos e partidos. O ex-diretor recebeu o benefício da delação premiada e revelou o nome de políticos e partidos que teriam sido beneficiados pelo esquema de desvio de recursos públicos operado por ele dentro da estatal.
Questionada sobre os critérios que levaram à nomeação de Costa como diretor da estatal, Dilma disse que ele era funcionário de carreira e que tinha as credenciais necessárias à nomeação. "O senhor Paulo Roberto Costa tinha credenciais para ser escolhido diretor e é isso que eu estou tentando falar", disse.
Na época em que Costa atuou como diretor da Petrobras, Dilma presidia o conselho de administração da estatal. Costa foi preso em março deste ano durante a Operação Lava Jato, mas foi posto em liberdade em maio após decisão do ministro do STF Teori Zavascki. Em junho, ele foi preso novamente após a descoberta de que Costa tinha US$ 23 milhões em contas secretas na Suíça.
Dilma lembrou que Costa havia sido diretor da Gaspetro, uma subsidiária da estatal durante o governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) e também já havia sido diretor da área de exploração e prospecção a estatal. Dilma disse ainda que se sentiu surpresa em relação às denúncias de corrupção envolvendo o ex-diretor. "A descoberta de que ele fez isso é uma surpresa porque eu, como quase todos os brasileiros, acredito que os funcionários de carreira, funcionários com 30 anos de carreira, são pessoas preparadas", disse.
Dilma negou que a composição da diretoria da Petrobras tenha sido feita de forma política, contradizendo o que afirmou o ex-presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli, em entrevista. "O que eu escolhi é responsabilidade minha. A diretoria da Petrobras não foi uma indicação política no meu caso. E não foi também no caso do Lula", disse.
Medo
Em outro trecho da entrevista, Dilma negou que esteja usando 'tática do medo' ao se referir às propostas feitas por sua adversária, Marina Silva (PSB), no programa eleitoral gratuito. "Tudo que eu falo sobre a candidata Marina está no programa dela", disse. Dilma criticou a proposta de independência do Banco Central, feita por Marina, e disse que a redução do papel dos bancos públicos na economia poderia diminuir o financiamento de obras como as do programa Minha Casa, Minha Vida. "O governo coloca subsídio entre 90% e 95% (no Minha Casa, Minha Vida). Passa isso para banco privado e nunca esse País vai ver uma casa para os mais pobres", afirmou a candidata. Dilma subiu o tom ao falar de Marina e disse que a candidata do PSB está alinhada com o setor financeiro. "Ela tem um alinhamento claro, ela tem uma posição favorável aos bancos, eu não tenho".