A candidata do PT a presidente da República, Dilma Rousseff, disse neste domingo que denúncias sobre dossiês preparados por petistas contra adversários políticos não têm "vinculação" com a sua campanha e os comparou aos grampos das privatizações do governo Fernando Henrique Cardoso. "O que foi denunciado tem de ser apurado e provado". Na opinião dela, há uma tentativa de tratar a questão de forma "eleitoreira".
Dilma esteve na feira da Guariroba, em Ceilândia, cidade satélite do Distrito Federal, em ato da campanha com petistas e aliados.
Nos dois últimos meses, a Folha revelou que o chamado "grupo de inteligência" de sua campanha obteve dados bancários do vice-presidente do PSDB Eduardo Jorge, informações sigilosas da Receita. Os documentos integram dossiês contra tucanos ligados ao candidato à Presidência pelo PSDB, José Serra.
Dilma afirmou também que não há qualquer ligação entre a sua campanha e a Previ (fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil).
A revista "Veja" desta semana traz uma entrevista do ex-diretor da Previ Gerardo Xavier Santiago. Na reportagem, ele afirma que a Previ funciona como uma fábrica de dossiês comandada por políticos do PT e pelo o ex-presidente do fundo Sergio Rosa.
Por disputas internas, Rosa perdeu força dentro da campanha da petista. "O Sergio é uma pessoa de respeito. Aí, é um acusando o outro. O que foi dito tem de ser apurado. Agora, é interessante que a imprensa levante o que aconteceu em governos anteriores. Por exemplo: todos os grampos que ocorreram em relação às privatizações e no BNDES", disse. "Elas atingirão, por algum acaso, o candidato da oposição, José Serra? Como aquilo não atinge, isso também não atinge a minha campanha. Se vamos fazer vinculações entre pessoas que integram governos, levantemos de todos. Parece-me bastante eleitoreiro e oportunista o tratamento da questão", criticou.
Dilma se referia às denúncias de grampos telefônicos no BNDES por ocasião da privatização da Telebrás em 1998. As conversas telefônicas revelaram indícios de favorecimento de empresas. A descoberta derrubou o então ministro das Comunicações do governo Fernando Henrique Cardoso, Luiz Carlos Mendonça de Barros, e a cúpula do Banco.