'Deu pena, era novinho', diz manifestante que atirou ovo em Doria

Prefeito foi à Bahia receber um título de cidadão soteropolitano

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A Câmara Municipal de Salvador identificou três manifestantes que teriam atirado ovos no prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), na noite desta segunda-feira (7) em Salvador.

O prefeito paulistano foi à Bahia receber um título de cidadão soteropolitano, mas foi recebido com protestos, vaias e atingido por ovos na Praça Municipal.

Os três manifestantes sofrerão uma punição administrativa: serão proibidos de entrar no prédio da Câmara de Salvador até o final deste ano. O ato com a punição será publicado no Diário Oficial nesta quarta-feira (9).

O produtor cultural Eucimar Freitas, militante do PT e membro do Conselho Municipal de Cultura de Salvador, foi um dos punidos. Ele admite ter arremessado ovos contra o prefeito de São Paulo, mas diz não saber se foi o seu que o atingiu.

"Deu até pena do ovo. Era novinho", disse Freitas, classificando o protesto como pacífico, legítimo e espontâneo –ele diz que não houve participação de vereadores organização da manifestação.

O manifestante ainda criticou a punição imposta pelo Legislativo municipal. Diz que os ovos foram arremessados contra Doria e que não houve dano ao patrimônio da Câmara.

"Doria agora é patrimônio de Salvador? Pelo que sei, além de maltratar moradores de rua e acabar com a arte em grafite de São Paulo, ele não tem nenhum serviço prestado à nossa cidade", afirma Freitas.

Os outros dois manifestantes punidos pela Câmara de Salvador são Eudes Oliveira e Jhones Bastos. O primeiro é filiado ao PSOL e é membro do grupo Atitude Quilombola. O segundo é filiado ao PT e faz parte do movimento dos sem-teto.

Eudes Oliveira afirma ter participado do protesto, mas nega que tenha arremessado ovos em Doria: "Vão ter que provar". A reportagem não conseguiu contato com Jhones Bastos.

O presidente da Câmara Municipal de Salvador, vereador Léo Prates (DEM), afirma que os manifestantes que jogaram os ovos foram identificados por meio de imagens das câmeras de segurança.

"A manifestação é natural e legítima, mas algumas pessoas cometeram excessos. Resolvemos puni-las porque colocaram em risco a segurança dos vereadores e das outras pessoas que ali estavam", afirmou.

TROCA DE ACUSAÇÕES

Os protestos contra João Doria acirraram o clima de disputa entre o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), e o governador da Bahia, Rui Costa (PT). Ambos deverão ser adversários na disputa pelo governo baiano no próximo ano.

O prefeito acusou o governador de ser o "patrocinador" dos protestos contra Doria: "[O protesto] é fruto do desespero, de quem está vendo o poder se esvair. Esse tipo de coisa vai ser dada a resposta ano que vem nas eleições", afirmou.

Nesta terça-feira (8), o governador negou que estivesse por trás dos protestos contra Doria.

"Isso é coisa da idade, da inexperiência e um certo desespero de quem está tentando tirar o direito previdenciário da população, de quem está tentando tirar os direitos trabalhistas e está percebendo que o povo não está aceitando", disse em entrevista à imprensa.

O petista ainda classificou a homenagem como um ato de campanha eleitoral de Doria e ACM Neto. E disse que ambos deveriam "estar trabalhando e cuidando das suas cidades".

"Talvez, para quem não tenha muito para fazer, a prioridade seja fazer campanha eleitoral", afirmou Costa.

DANÇANDO AXÉ

Depois de participar da sessão solene na Câmara, Doria foi jantar com empresários e aliados do prefeito ACM Neto em um restaurante em Salvador. Lá, dançou passos de axé durante um apresentação da cantora Gilmelândia, ex-Banda Beijo.

O prefeito paulistano deverá voltar à Bahia nos próximos meses para receber um título de cidadão baiano. A proposta é do deputado estadual Adolfo Viana (PSDB) e já foi aprovada pela Assembleia Legislativa.

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