Donos de consecutivos mandatos eletivos, parlamentares e governantes derrotados na eleição deste ano preparam-se para "atravessar um deserto" até 2012, segundo palavras de um deles.
O desafio é conseguir, sem um cargo público, se manter no cenário político e na mídia, algo fundamental para a construção de uma candidatura para a próxima eleição municipal.
Até lá, uns pretendem voltar a dar aulas, advogar ou administrar propriedades rurais. Outros querem viajar pelo país, em palestras e seminários. A atuação política na direção dos partidos nos estados é um caminho comum para a maioria.
?Enfrentar uma eleição sem mandato é mais difícil que enfrentar uma eleição com mandato. A visibilidade política que a gente tem no cotidiano é bem menor?, diz a deputada federal Luciana Genro (PSOL-RS), que não conseguiu se reeleger e pretende tentar uma vaga na Câmara de Vereadores de Porto Alegre em 2012.
Ela não sabe ainda se poderá concorrer porque a lei impede a candidatura de parentes de governantes. O pai dela, o ex-ministro Tarso Genro, se elegeu governador pelo PT no Rio Grande do Sul.
?O espírito dessa lei é impedir as oligarquias familiares que se sucedem no poder. No meu caso, é evidente que não há esse sentido de oligarquia familiar, até porque fui expulsa do partido do meu pai?, argumenta.
Enquanto a eleição não chega, ela diz que fará mobilizações para levantar o debate sobre sua candidatura, voltará a dar aulas de inglês e retomará o curso de direito. Além disso, manterá as atividades na direção do partido no estado e na direção nacional.
Luciana Genro teve a oitava maior votação para a Câmara dos Deputados no estado, com 129,5 mil votos, mas não se elegeu porque seu partido não atingiu o quociente eleitoral. O último dos 31 deputados federais eleitos pelo estado teve 28,2 mil.
?Eu estava bem mais empenhada em conseguir eleger um deputado estadual, que o partido não tem no Rio Grande do Sul, do que na minha própria eleição porque achava que a minha eleição estava garantida?, diz.
Para ela, houve um erro de avaliação em relação à força do PT no estado, e o partido acabou tirando votos de legenda do PSOL.
?É claro que uma derrota sempre traz lições e, nesse caso, trouxe essa lição de que a gente não pode subestimar os adversários e não pode considerar uma eleição ganha antes da hora. Não quero passar a impressão de que fiz pouca campanha pra mim mesma. Fiz muita campanha. Fiquei muito tempo em Porto Alegre, onde tinha mais potencial de transferência de votos para os nossos candidatos, e não viajei tanto ao interior, o que acabou me prejudicando.?