Políticos envoltos em escândalos tentam permanecer no mandato

A pena alternativa foi apresentada após um primeiro parecer do conselho, que sugeria a perda do mandato, ter sido derrubado pelo voto da maioria.

Deputada federal Jaqueline Roriz escapou de perder o mandato | Divulgação
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Dois deputados federais, Luiz Argôlo (SD-BA) e Jaqueline Roriz (PMN-DF), envolvidos em escândalos e que foram alvo de um processo por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética da Câmara tentam a reeleição no pleito de outubro.

Argôlo é investigado pelo envolvimento com o doleiro Alberto Youssef, preso desde março com deflagração da operação Lava Jato sob acusação de comandar um esquema bilionário de lavagem de dinheiro.

De acordo com as investigações, Argôlo e Youssef trocaram 1.411 mensagens de celular entre 2013 e 2014. O celular usado pelo parlamentar está registrado em nome da Câmara, segundo a PF. Ainda de acordo com as investigações, Argôlo usou verba parlamentar para pagar despesas com hotéis e passagens aéreas para encontrar Youssef. O parlamentar também teria solicitado dinheiro ao doleiro para pagar gado em seu Estado, na Bahia.

O processo contra Argôlo por quebra de decoro ainda segue no Conselho de Ética na Câmara, que pode recomendar ao plenário sua cassação. Se os deputados aprovarem a cassação do parlamentar, ele torna-se inelegível com base na lei da Ficha Limpa. Segundo apuração do jornal "Folha de S.Paulo", caso o processo no Conselho de Ética avance, o deputado deve substituir a sua candidatura pela do irmão, Manoelito Argôlo Jr, também filiado ao Solidariedade.

Seguindo o mesmo critério da lei da Ficha Limpa, outra candidata considerada ficha suja é a deputada federal Jaqueline Roriz, filha do ex-governador Joaquim Roriz. Ela foi condenada em segunda instância por improbidade administrativa na última quarta-feira (9) por um esquema que ficou conhecido como mensalão do DEM no Distrito Federal.

Jaqueline Roriz foi flagrada em um vídeo recebendo dinheiro do delator do esquema, Durval Barbosa, que afirmou ter entregue o dinheiro cumprindo ordens do ex-governador José Roberto Arruda (PR) em troca de apoio para campanha eleitoral de 2006.

A candidatura de Jaqueline à Câmara dos Deputados, no entanto, deve ser mantida porque a condenação ocorreu depois de 5 de julho, data-limite para registro dos candidatos na Justiça Eleitoral. O Ministério Público ainda pode solicitar a impugnação do registro.

Pelo mesmo caso, ela respondeu a um processo em 2011 no Conselho de Ética da Câmara. Na ocasião o colegiado concluiu que houve quebra de decoro parlamentar e recomendou sua cassação, mas o plenário da Câmara a absolveu. Na época, este tipo de votação era secreta.

O último parlamentar que sofreu uma punição recomendada pelo Conselho de Ética foi o deputado federal Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO), em abril, por causa do seu envolvimento com o empresário Carlinhos Cachoeira, acusado de comandar um esquema de corrupção. Ele é candidato a deputado estadual em Goiás.

Lereia foi o primeiro parlamentar a receber uma sanção alternativa após uma mudança no regimento da Casa. Antes, só estava prevista a absolvição ou a cassação do mandato. Em uma votação aberta, o plenário aprovou o parecer apresentado pelo Conselho de Ética que recomendava sua suspensão por 90 dias.

A pena alternativa foi apresentada após um primeiro parecer do conselho, que sugeria a perda do mandato, ter sido derrubado pelo voto da maioria do colegiado.

Conselho de Ética do Senado

O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), que chegou a se anunciar pré-candidato à Presidência, mas retirou a candidatura, também responde a um processo no Conselho de Ética do Senado desde maio de 2013. Há suspeitas de que de que o senador João Capiberibe (PSB) teria pago R$ 20 mil para deputados estaduais em troca de apoio político quando foi governador do Amapá entre 1999 e 2000. Segundo as suspeitas, Randolfe seria um dos beneficiados pelo esquema. O caso chegou a ser investigado pelo Procuradoria Geral da República, mas foi arquivado no ano passado, segundo o jornal "Folha de S.Paulo".

Ainda segundo reportagem da "Folha de S.Paulo", Randolfe e Capiberibe afirmam que a acusação foi fraudada por documentos na época, pois Randolfe era o único aliado de Capiberibe na Assembleia Legislativa do Estado.

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