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Deputado enviou R$ 4,4 milhões a cidade onde a esposa é prefeita

Nova Russas, administrada por Giordanna Mano, lidera repasses de emendas feitos por Júnior Mano, alvo da PF por suspeita de desvio de recursos

Júnior Mano e esposa, atual prefeita de Nova Russas, cidade onde Mano nasceu e foi vice-prefeito. | Foto: Reprodução/Redes Sociais
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O município de Nova Russas, no interior do Ceará, foi o maior beneficiado com emendas parlamentares destinadas pelo deputado federal Júnior Mano (PSB-CE) desde 2021. A cidade, governada pela sua esposa, Giordanna Mano (PRD), recebeu R$ 4,4 milhões, o maior volume entre todas as cidades atendidas pelo parlamentar, que é alvo de uma operação da Polícia Federal por suspeita de desvio de recursos públicos.

As informações constam em levantamento feito com base no Portal da Transparência. Do total repassado, R$ 3,05 milhões vieram por transferências especiais do Ministério da Fazenda, enquanto R$ 1,35 milhão foi destinado por meio de fundos específicos de saúde e assistência social. A cidade tem cerca de 32 mil habitantes, o que representa um dos maiores repasses per capita entre os municípios beneficiados.

Operação mira fraudes com verbas públicas

A Operação Underhand, deflagrada nesta terça-feira (8), investiga um esquema de desvio de emendas parlamentares, fraudes em licitações e uso indevido de recursos públicos para financiamento eleitoral. Foram cumpridos 15 mandados de busca e apreensão em Nova Russas, Fortaleza, Eusébio, Canindé, Baixio e em Brasília.

A PF afirma que o grupo investigado articulava o envio de verbas públicas a prefeituras em troca de contrapartidas ilegais. Em nota, o Ministério Público Federal confirmou que a organização criminosa também manipulava processos licitatórios por meio de empresas ligadas ao esquema.

A Prefeitura de Baixio confirmou que recebeu agentes federais, mas que não houve apreensão de documentos. As prefeituras de Eusébio e Canindé negaram buscas em prédios públicos. Até a última atualização, Nova Russas e Fortaleza não haviam se pronunciado.

Repercussão política e histórico de cassação

Em 2022, a Justiça Eleitoral chegou a cassou os diplomas de Giordanna Mano e seu vice, por abuso de poder político e compra de votos, além de aplicar inelegibilidade a ambos e ao deputado Júnior Mano por oito anos. No entanto, o casal recorreu ao TSE, que reverteu a decisão em 2023.

Em nota, a assessoria do deputado nega qualquer irregularidade e afirma que os recursos foram destinados a projetos legítimos de infraestrutura e saúde. Segundo o comunicado, a Controladoria-Geral da União teria atestado a regularidade dos repasses. “As insinuações têm caráter político e visam interferir nas eleições de 2026”, diz o texto.

A investigação segue em andamento, e a Polícia Federal apura possíveis crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica com fins eleitorais e compra de votos.

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