O diretório regional do DEM no Distrito Federal foi fechado nesta quarta-feira (24) por decisão da Executiva Nacional do partido. O termo usado é “autodissolução” porque o pedido partiu do próprio presidente da legenda no DF, o deputado federal Osório Adriano (DEM-DF).
A Executiva Nacional escolheu o senador Marco Maciel (PE) para montar um novo diretório e deu uma semana para que o secretário de Transportes do Distrito Federal, Alberto Fraga, deixe o governo. Osório Adriano afirmou que decidiu se antecipar ao pedido que o deputado Ronaldo Caiado (GO) e o senador Demóstenes Torres (GO) apresentariam hoje na reunião da executiva nacional da legenda.
-Eu me adiantei a uma decisão que poderia ser tomada hoje. Essa medida é para que passe essa onda, para que a nacional busque uma solução. Eu pedi a dissolução antes mesmo que outros pedissem. O DEM no Distrito Federal tem, de acordo com Osório Adriano, 13 mil filiados. A executiva regional do DEM é composta por 19 filiados.
Maciel vai escolher, nos quadros do DEM, nomes que não têm nenhum envolvimento com o escândalo de corrupção que atingiu o governo do DF. José Roberto Arruda (sem partido) teve que sair do partido depois de ser flagrado recebendo dinheiro.
Atualmente o governador afastado está preso na Superintendência da Polícia Federal, em Brasília. Em seu lugar assumiu o também correligionário do DEM Paulo Octávio, vice de Arruda, mas que ontem pediu sua desfiliação e entregou o governo do Distrito Federal ao presidente da Câmara Legislativa, Wilson Lima (PR).
Marco Maciel terá cerca de 20 dias para indicar chapa e reconstruir o diretório do DEM no Distrito Federal. Na reunião da executiva, o secretário de Transportes Alberto Fraga (DEM) também anunciou que deixará seu cargo no governo para não ser expulso da legenda.
Fraga é deputado federal e deve reassumir sua vaga. Fraga saiu muito abatido da reunião. Com os olhos marejados afirmou que é um "demissionário". O secretário pediu prazo de uma semana para sair do governo. Argumentou que precisa fazer uma transição para entregar ao novo secretário o cronograma das obras da pasta.
- Já posso dizer que sou um demissionário. Posso não concordar, mas sou um bom soldado, cumpro ordens. Apesar de deixar o governo, Fraga voltou a criticar a decisão do partido. - O mau político deve ser banido na hora do voto. Tirar o direito de uma pessoa eleger seu representante só na Ditadura.
O secretário contou que conversou com Arruda por mais de 40 minutos e que o governador afastado não apresentará carta de renúncia e não tem expectativa sobre o julgamento do STF (Supremo Tribunal Federal) que definirá seu pedido de habeas corpus. O fim do diretório acontece em meio à crise no DF e um dia depois da saída de Paulo Octávio - governador interino por 12 dias - do DEM e do governo do DF.
Com a renúncia, o Distrito Federal está sob o comando do presidente da Câmara Legislativa, Wilson Lima, também aliado de Arruda. A crise teve início após as investigações da operação Caixa de Pandora revelarem um esquema de pagamento de propina que envolve o governador afastado José Roberto Arruda, preso desde o último dia 11, e aliados. Arruda nega envolvimento. Na quinta (25), o plenário do STF (Supremo Tribunal Federal) vai analisar o pedido de habeas corpus do governador afastado.