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Defesa de Carla Zambelli afirma que deputada vive 'reclusa' após fuga para Itália

Deputada fugiu para a Itália após condenação por invasão a sistemas do CNJ

Deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) | Foto: Reprodução
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A defesa da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), advogado Fábio Pagnozzi, afirmou que a parlamentar não tem saído em território italiano. Desde que deixou o Brasil, Zambelli evita frequentar locais públicos. Pagnozzi explica que ela está em um local controlado, sem acesso adequado a medicamentos e assistência médica.

Ainda segundo a defesa, a parlamentar enfrenta dificuldades financeiras. “Ela está nos últimos recursos que ainda possui”, declarou. O advogado também informou que o marido da deputada, o coronel Aginaldo Oliveira, que foi exonerado do cargo de secretário de Segurança Pública de Caucaia (CE), não está mais com ela.

Conhecida pelo comportamento explosivo, Zambelli tem se mantido discreta, de acordo com Pagnozzi. Ela teme fazer declarações públicas e sofrer novas advertências do Supremo Tribunal Federal (STF). A defesa aguarda a posição do governo italiano para saber se haverá extradição. Caso o Ministério da Justiça da Itália decida enviá-la de volta, os advogados pretendem recorrer. A estratégia será alegar que Zambelli possui cidadania italiana, o que, segundo eles, impediria o retorno.

Pagnozzi estima que uma definição pode sair apenas entre o fim de agosto e o início de setembro, já que o mês de agosto é de férias na Itália, o que pode atrasar o processo.

“Não é exílio”, dizem especialistas

O cientista político Marco Antônio Teixeira, da FGV-SP, explica que o termo “exilada” não se aplica ao caso. “Exilado é quem é obrigado a deixar o país por perseguição política. Ela responde a processos criminais e fugiu para não ser presa. Não há sentido em chamá-la de exilada política”, afirma.

Zambelli grava vídeo e volta a falar em perseguição

Em um vídeo gravado de boné e em um local fechado, Zambelli afirmou ser vítima de perseguição política no Brasil. “Hoje acordei com uma boa notícia: um vídeo do Flávio Bolsonaro falando por mim, pedindo à [primeira-ministra italiana] Giorgia Meloni e ao Matteo Salvini, vice-primeiro-ministro, para que me recebessem como exilada política”, declarou.

Ela acrescentou que o apoio do senador ajudaria em sua tentativa de conseguir abrigo político na Itália. “Tudo isso facilita o entendimento do que está acontecendo comigo”, disse.

As declarações foram feitas depois que Flávio Bolsonaro pediu publicamente às autoridades italianas que acolhessem Zambelli. Ele alegou que ela não teria um julgamento justo no Brasil.

Foragida e condenada

Após a viagem da deputada para a Itália, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, atendeu a pedido da Procuradoria-Geral da República e determinou a inclusão do nome dela na lista vermelha da Interpol.

Zambelli foi condenada em maio deste ano pela Primeira Turma do Supremo a 10 anos de prisão e à perda do mandato. A decisão, unânime, apontou que ela cometeu falsidade ideológica e invadiu o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Segundo a Procuradoria-Geral da República, Zambelli planejou junto ao hacker Walter Delgatti Neto a inclusão de decisões falsas no sistema do CNJ, entre elas um mandado de prisão contra o próprio Moraes, com o texto: “Expeça-se o mandado de prisão em desfavor de mim mesmo, Alexandre de Moraes. Publique-se, intime-se e faz o L.”

Delgatti também foi condenado, recebendo pena de 8 anos e 3 meses. Além disso, Moraes determinou que os dois paguem solidariamente R$ 2 milhões por danos coletivos, e fixou multas individuais de cerca de R$ 2,1 milhões para Zambelli e R$ 520 mil para o hacker.

Paralelamente, ela já havia perdido o mandato após decisão do TRE-SP, que cassou seu cargo por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação nas eleições.

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