Após ser cassado pela Câmara dos Deputados nesta segunda-feira, o ex-presidente da Casa Eduardo Cunha se tornou o “garoto propaganda” de uma campanha da Transparência Internacional contra a corrupção pelo mundo.
De acordo com a entidade, Cunha é o “Senhor Trust” brasileiro. O ex-deputado afirmou em sua defesa no Conselho de Ética da Casa que não tinha contas secretas no exterior e que seria apenas beneficiário de um trust — um fundo de investimento responsável por administrar bens de terceiro.
O objetivo da ação é conscientizar a opinião pública mundial sobre os riscos do trust, uma modalidade de investimento. A entidade afirma, em um vídeo publicado nesta terça-feira, que analisou 213 casos de corrupção em 80 países pelo mundo. Do total, 70% deles usaram “algum tipo de veículo secreto” para “esconder dinheiro ilícito”, e “um desses veículos é o trust”, afirma a Transparência Internacional.
A Transparência Internacional diz que Cunha — o “Mr. Trust”, para a entidade com sede na Alemanha — é “um dos políticos mais poderosos investigados pelo Ministério Público” e liga o ex-presidente da Câmara dos Deputados ao escândalo de corrupção descoberto na Petrobras.
O vídeo explica, ainda, que Cunha perdeu o mandato ao mentir para o Congresso brasileiro. No ano passado, no Conselho de Ética da Casa, Eduardo Cunha garantiu que não tinha contas secretas não declaradas no exterior. Procuradores suíços, entretanto, localizaram quatro contas vinculadas a ele e a sua esposa, explicou a Anistia Internacional.
“No total, as autoridades brasileiras estão pedindo que Mr. Trust e sua mulher devolvam US$ 30 milhões ao governo brasileiro”, informa o vídeo.A campanha lançada pela Transparência Internacional mostra como a instituição e outras entidades “lutam para que se esclareça quem se beneficia de trustes”.
O grupo pede que todas as informações sejam tornadas públicas para “acabar com o ciclo vicioso de impunidade” que esses mecanismos permitem. “Existem muitos Mr. Trusts pelo mundo. Ajude a desmascará-los”, alerta a instituição.