A CPI que investiga as relações do bicheiro Carlinhos Cachoeira com políticos e empresários colocará em votação nesta quinta-feira (14) pedidos de quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico dos governadores de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), e do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT).
Os requerimentos ganharam força após Agnelo concordar com abertura de seus dados, durante depoimento na CPI nesta quarta (13). Ele chegou a assinar documento apresentado pela oposição se comprometendo com a quebra de sigilo dos últimos cinco anos.
A disposição do governador do DF foi então seguida por Perillo, que, em depoimento no dia anterior, havia declinado de pedido semelhante.
Na CPI, Perillo e Agnelo negaram relação próxima ou influência do grupo do bicheiro Carlinhos Cachoeira sobre os respectivos governos.
Nesta quarta, a Procuradoria-Geral da República pediu a abertura de inquérito contra os dois no Superior Tribunal de Justiça (STJ), com base nas investigações da Operação Monte Carlo, que levou à prisão de Cachoeira, acusado de corrupção e exploração de jogos ilegais.
Tumulto
O anúncio de Agnelo em colocar os dados à disposição gerou pequeno tumulto nesta quarta na CPI. O líder do DEM na Câmara, Onyx Lorenzoni (RS), disse que o governador podia faltar com sua palavra. "Quem me garante que amanhã será quebrado?", provocou.
Gritando, o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) reagiu: "Nós garantimos. Nós vamos votar". O governador também retrucou: "Minha palavra vale. O procedimento normal é a Mesa que dá. [...] A autorização que eu fiz verbalmente eu posso fazer por escrito".
O anúncio levou Perillo, no meio da tarde, a convocar uma entrevista coletiva em Goiânia para também colocar seus dados à disposição. "Se o governador Agnelo, que foi lá [na CPI] na mesma condição que eu, tomou essa decisão, por que eu não tomaria?", afirmou.
Na terça (12), o relator da CPI, Odair Cunha (PT-MG), chegou a perguntar se Perillo aceitaria abrir mão do sigilo telefônico. Perillo respondeu que não tinha razões para isso e caberia ao STJ ou à própria CPI decidir. No momento, parlamentares de PSDB e DEM protestaram, argumentando que ele era testemunha, e não investigado.
Pagot
Além dos pedidos sobre a quebra de sigilos, a CPI pode votar também a convocação do ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, Luiz Antonio Pagot, que foi demitido no ano passado por suspeitas de irregularidades no órgão.
Há cerca de um mês, Pagot revelou que o grupo de Cachoeira pressionou por sua demissão. O bicheiro é apontado pela PF como "sócio oculto" e lobista da construtura Delta, uma das maiores construtoras que atuam no Dnit. Há duas semanas, Pagot denunciou às revistas "Época" e "Istoé" ter recebido pedidos do PT e do PSDB para captar doações eleitorais não declaradas junto a empreiteiras.