O velório do ex-presidente da Argentina Néstor Kirchner, que morreu na quarta-feira (27) aos 60 anos de idade após uma parada cardíaca, começou pouco depois das 10h locais desta quinta (11h pelo horário brasileiro de verão), na Casa Rosada, sede do governo argentino.
Uma multidão aguardava do lado de fora do prédio para visitar o corpo do marido da presidente Cristina Fernández de Kirchner. A fila de populares para a visitação, que se estendia por várias ruas próximas, tinha cerca de dois quilômetros.
Cristina apareceu no velório acompanhada dos filhos Máximo, de 32 anos, e Florencia, de 19. Foi sua primeira aparição pública após a morte.
O corpo do ex-mandatário argentino chegou a Buenos Aires à 1h50 local (2h50 de Brasília) em um avião no qual viajou também a presidente Cristina Kirchner e o filho mais velho do casal, Máximo.
Os presidentes da Bolívia, Evo Morales, do Equador, Rafael Correa, e do Uruguai, José Mujica, já estão em Buenos Aires para participar do funeral. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cancelar a participação no comício de encerramento da campanha da candidata à Presidência, Dilma Rousseff, no Recife (PE), para comparecer ao velório do ex-presidente da Argentina.
Após o velório na capital, o enterro acontecerá em Río Gallegos, em sua província natal, Santa Cruz (sul do país).
Ele foi comparado a Juan Domingo Perón e apontado como grande líder político do país sul-americano nas últimas décadas por algumas pessoas ouvidas pelo G1 antes do velório.
Para muitos, a morte foi um choque. ?Não esperávamos. É uma lástima para toda a América Latina?, disse Alejandro Monaco, de 43 anos.
?Foi o presidente mais importante da Argentina nos últimos 30 anos?, acrescentou sua mulher, Denise Monaco, de 19.
Luciana Sánchez e Veronica Marzano, que seguravam uma faixa em defesa dos direitos dos gays e das mulheres, destacaram que o ex-presidente foi responsável por dar espaço para as minorias na política do país. ?Ele defendeu a causa popular?, disse Luciana. ?Ele cristalizou o processo democrático, dando visibilidade para os grupos minoritários?, ressaltou Veronica.
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Para o casal Ricardo Portillo, de 57 anos, e Luz María Pires, de 53, a morte ?é uma perda irreparável para os argentinos e os latino-americanos. ?Certamente, depois de Perón, Kirchner será alguém que os peronistas se recordaram como um de seus máximos líderes?, afirmou Portillo, destacando que é ?preciso aprofundar o modelo implantado pelo ex-presidente?.
?Com Néstor Kirchner, o povo estava protegido. Os humildes e mais necessitados existiam em seu governo?, contou Luz María, que nasceu no Uruguai, mas imigrou para o país vizinho ainda na época da ditadura. ?Ele foi um grande líder, estadista, que soube defender os interesses de seu povo?, acrescentou a mulher.
O boliviano Carlos Guzmán, de 55 anos, e sua irmã Isabel Loayza afirmaram que o ex-presidente fez muito por eles e seus compatriotas. ?Por isso, estamos aqui. Ele fez um governo popular, valorizando também os imigrantes?, ressaltou Guzmán, que pretendia dormir na Plaza de Mayo até abertura do velório para o público.