O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu nesta quarta-feira (10) manter a taxa básica de juros em 15% ao ano. É a quarta reunião seguida em que o índice não muda. Com isso, a Selic continua no nível mais alto dos últimos 20 anos, e o BC ainda não dá sinais de quando pode começar a reduzir os juros.
A taxa Selic é o principal instrumento usado pelo Banco Central para controlar a inflação, que afeta principalmente quem tem menor renda.
No comunicado divulgado após a reunião, o Copom afirmou que manter a taxa em 15% “por um período mais longo” é necessário para que a inflação volte para a meta. Segundo o comitê, o cenário ainda tem muitas “incertezas”, o que exige atenção redobrada na hora de tomar decisões.
O Copom explicou que as expectativas de inflação continuam altas, assim como a atividade econômica e a pressão no mercado de trabalho. Por isso, considera que ainda é preciso manter uma política mais dura, sem sinalizar cortes no momento.
Também nesta quarta, foi divulgado que a inflação oficial do país, medida pelo IPCA, ficou em 0,18% em novembro. No ano, o índice acumula alta de 3,92%. Em 12 meses, o número é de 4,46%, abaixo do que o mercado previa.
Possível corte só em março
Nesta semana, a maior parte dos economistas deixou de apostar em um corte da Selic já em janeiro. A maioria agora acredita que a primeira redução deve acontecer somente em março, quando a taxa poderia cair para 14,5% ao ano.
O Copom disse ainda que continuará atento e que pode ajustar a política monetária se considerar necessário. O comitê também comentou que está acompanhando as tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos e os impactos da política fiscal do Brasil, reforçando a necessidade de cautela.
Como o Banco Central decide os juros?
O BC usa o sistema de metas para definir se os juros devem subir, cair ou continuar iguais. Desde 2025, a meta de inflação é de 3%, podendo variar entre 1,5% e 4,5%.
Como a inflação ultrapassou a meta por seis meses seguidos, o BC teve que divulgar uma carta pública explicando o motivo. O Banco Central toma decisões olhando para o futuro, porque a Selic leva de seis meses a um ano e meio para fazer efeito total na economia. No momento, o foco está nas projeções até o segundo trimestre de 2027.
O mercado prevê inflação de 4,40% em 2025, 4,16% em 2026, 3,8% em 2027 e 3,5% em 2028, todas acima da meta central.
Economia mais lenta
O BC afirma que uma desaceleração da economia faz parte do processo para controlar a inflação. Com menos ritmo de crescimento, a pressão sobre os preços, principalmente no setor de serviços, tende a diminuir.
Na ata da reunião de novembro, o Copom destacou que a economia brasileira ainda cresce acima do seu potencial, mas vem mostrando sinais de moderação. Para o Banco Central, os dados recentes confirmam essa desaceleração gradual, mesmo que alguns indicadores ainda apresentem sinais mistos.