Contas de Eduardo Cunha são 'produto de crime', diz Procuradoria

Evolução patrimonial do parlamentar foi de 214% entre 2002 e 2014

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A Procuradoria Geral da República (PGR) informou nesta sexta-feira (16) haver “indícios suficientes” de que as contas do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), no exterior são “produto de crime".

De acordo com a PGR, entre 2002 e 2014, a evolução patrimonial do parlamentar foi de 214%. Na noite desta quinta-feira (15), o ministro do STF Teori Zavascki autorizou a abertura de um novo inquérito para investigar Cunha. O pedido de investigação tinha sido formulado mais cedo pela PGR, que quer apurar suspeitas de corrupção e lavagem de dinheiro em razão de quatro contas na Suíça atribuídas ao parlamentar.

"Atualmente, o patrimônio declarado dele [Cunha] é de R$ 1,6 milhão, conforme suas declarações de patrimônio à Justiça Eleitoral. Em 2002, o valor declarado era de R$ 525.768,00. Para o procurador-geral em exercício, há indícios suficientes de que as contas no exterior não foram declaradas e, ao menos em relação a Eduardo Cunha, são produto de crime", diz nota divulgada nesta sexta pela PGR.

No pedido de abertura de inquérito, a PGR também solicitou que fossem investigadas a mulher do deputado, Cláudia Cordeiro Cruz, e uma filha dele, supostas beneficiárias dessas contas. A investigação das duas também foi autorizada pelo ministro Teori Zavascki.

De acordo com a PGR, o pedido de abertura de inquérito foi assinado por Eugênio Aragão, procurador-geral em exercício, e não por Rodrigo Janot. A PGR também informou que pediu novamente o bloqueio das contas de Cunha na Suíça, uma vez que, com a transferência da investigação, era necessária uma ordem do Supremo. Como Teori atendeu a todos os pedidos da Procuradoria, também determinou o bloqueio novamente das contas na Suíça.

Na semana passada, a Procuradoria recebeu da Suíça extratos bancários e documentos que indicam que Eduardo Cunha era titular das contas. Em uma, segundo informou o MP suíço, houve um depósito de R$ 1,3 milhão de francos suíços.

Segundo a procuradoria, trata-se de dinheiro de propina oriundo de contrato de exploração de um campo de petróleo em Benin, na África.

CUNHA NEGA CONTAS NO EXTERIOR

Em nota divulgada no último dia 10, Cunha afirmou nunca ter recebido "qualquer vantagem de qualquer natureza, de quem quer que seja, referente à Petrobras ou a qualquer outra empresa, órgão público ou algo do gênero". Também reiterou depoimento espontâneo que deu à CPI da Petrobras no início do ano em que negou possuir contas fora do país.

Nesta sexta, depois do anúncio de que o procurador-geral havia solicitado a abertura de novo inquérito, Cunha disse que o pedido facilitará a defesa.“Não fui notificado. Meu advogado vai tomar as providências. É natural, eu prefiro que tenha alguma coisa às claras para que eu possa ter acesso. Na medida em que pede a instauração de inquérito, a gente vai ter acesso e poder se defender. Não vejo isso como nenhum problema”, disse. Cunha não quis comentar o fato de a esposa e a filha dele estarem incluídas no pedido de investigação.

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