O Conselho de Ética da Câmara decidiu nesta terça-feira (8) arquivar a representação contra o deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ) por conta de um bate-boca entre ele e o deputado João Rodrigues (PSD-SC), ocorrido no ano passado em uma sessão do plenário. O relatório do deputado Nelson Marchezan Júnior (PSDB-RS), que pedia o arquivamento, foi aprovado por um placar unânime de 11 votos a 0.
A representação, apresentada em novembro passado pelo presidente do PSD, Guilherme Campos, pedia a cassação do mandato de Jean Wyllys alegando que ele havia “denegrido” o colega parlamentar. O relator, porém, considerou que Wyllys respondeu à fala de Rodrigues, que tinha “termos fortes”, em “termos igualmente fortes”.
A discussão começou quando Rodrigues subiu à tribuna para criticar parlamentares que se opõem à revogação do Estatuto do Desarmamento. No discurso, o deputado de Santa Catarina ironizou a trajetória de Jean Wyllys e chegou a chamá-lo de “escória” do país.
Jean Wyllys reagiu à fala do parlamentar, chamando o colega de “facista” e “ladrão”, e citando vídeo pornô que Rodrigues teria assistido durante uma sessão em maio. E completou: “Resta saber se seu vídeo pornô era hétero ou não”.
Em seu relatório, Marchezan ponderou que as punições do Conselho de Ética devem ser impostas com parcimônia, "sob o risco de prejudicar o funcionamento das instituições democráticas, criando-se uma situação de temor do uso da palavra, justamente no Parlamento, que é a última trincheira do direito à liberdade de expressão".
Apesar de concordar com o arquivamento, o deputado Fausto Pinato (PRB-SP) pediu mais cuidado no uso das palavras em plenário. "Temos que ter muita cautela em generalizar as palavras no plenário", ponderou.
Alguns correligionários saíram em defesa de Wyllys. “Ele reagiu a uma agressão inominável”, justificou o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ). Glauber Braga (PSOL-RJ) engrossou o coro: “O deputado Jean Wyllys sofre cotidianamente um conjunto de agressões que devem ser também repelidas e que não podemos aceitar como naturais”.
Jean Wyllys não acompanhou a votação no Conselho de Ética. Mas, em novembro, à época da representação, disse que achava que se tratava de uma “retaliação” de deputados aliados ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), pelo fato de o PSOL ter sido um dos autores do pedido de cassação do mandato do peemedebista. Ele é acusado de ter mentido à CPI da Petrobras quando disse que não possui contas bancárias no exterior – o que ele nega.