Os confrontos entre apoiadores do presidente de Honduras, Manuel Zelaya, e as forças do governo de Roberto Michelletti registrados na noite de ontem deixaram um rastro de caos nas ruas de Tegucigalpa. O saldo é de pelo menos uma pessoa morta, segundo um legista local citado pela agência Reuters.
Nesta quarta-feira podiam ser vistas as barricadas montadas no bairro El Pedregal e lojas e supermercados saqueados. No final da manhã de hoje, centenas de pessoas aproveitaram a suspensão temporária do toque de recolher para comprar mantimentos. Segundo o site de notícias hondurenho La Prensa.hn, foram registradas imensas filas em supermercados e postos de gasolina. Alguns estabelecimentos já informaram que seus estoques estão terminando devido à imensa procura.
A paisagem fantasma da cidade se transformou quando centenas de automóveis saíram às ruas, que até momentos antes estavam desertas. "Vou encher o tanque porque não sabemos o que vai acontecer. E depois vou ao supermercado", disse Jaime Garay à agência Reuters, estacionado na fila de um posto de gasolina com seu carro. A poucas quadras dali, e não muito longe da embaixada brasileira, Lourdes Carbajal, 26 anos, carregava bolsas com água, pão, óleo, carne, ovos e feijão. "Não queremos passar fome caso isso se prolongue. A solução para esse assunto é que Zelaya se entregue às autoridades e nos deixe em paz", disse.
O líder interino de Honduras, Roberto Micheletti, advertiu que a suspensão da medida somente foi decidida para o abastecimento da população, e que reuniões não serão permitidas. Um dia antes, forças de segurança desalojaram à força simpatizantes de Zelaya em frente à embaixada brasileira.