Mesmo com os passaportes bloqueados por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), o senador Marcos do Val (Podemos-ES) embarcou para os Estados Unidos na quarta-feira (23). A entrada do parlamentar em território americano foi confirmada por autoridades alfandegárias dos Estados Unidos e reconhecida por ele em entrevista ao portal UOL.
Segundo apurado, Do Val embarcou em um voo que saiu de Manaus usando o passaporte diplomático, documento que, de acordo com ele, não estava em sua posse quando o passaporte comum foi apreendido pela Polícia Federal.
Durante o voo, o senador foi abordado por integrantes da tripulação e afirmou estar "seguindo a lei". Questionado sobre o bloqueio dos passaportes, respondeu: “Se tinha um bloqueio, como é que eu saí? Tem que perguntar para a Polícia Federal”.
envolvimento em tentativa de golpe de Estado
Marcos do Val é investigado por suspeitas de envolvimento em tentativa de golpe de Estado, organização criminosa, associação para o crime e divulgação de documentos sigilosos. O inquérito corre sob sigilo no STF.
Em junho de 2023, ele foi alvo de uma operação da Polícia Federal após relatar que o ex-presidente Jair Bolsonaro tentou envolvê-lo em um plano contra o sistema eleitoral. Na ocasião, agentes apreenderam aparelhos eletrônicos e uma pistola registrada em nome do senador, que segue sob custódia da PF.
Desde que passou a ser investigado por intimidação contra um delegado da corporação, Do Val teve suas redes sociais suspensas por ordem judicial. Em sua defesa, ele enviou à reportagem três documentos em formato PDF, que não possuem validade oficial. Entre os arquivos está um ofício de direitos humanos da Suíça, sem efeito legal no Brasil, e textos que contestam a decisão do STF.
O Itamaraty afirmou que não foi informado sobre a viagem e disse que a responsabilidade é da Polícia Federal. Fontes da PF confirmaram que o passaporte comum de Do Val está apreendido desde agosto de 2024, mas que o diplomático continuou em poder do senador.
Nos últimos dias, ele voltou a criticar publicamente o ministro Alexandre de Moraes. “Essa viagem prova que Alexandre está derrotado. Acabou Alexandre. A decisão é ilegal”, declarou.