As atividades do setor de varejo no Brasil tiveram em 2024 o melhor desempenho desde 2012, em 12 anos, portanto, registrando um crescimento de 4,7% na comparação com o ano anterior, e cravando o sétimo avanço seguido, conforme revelam dados da Pesquisa Mensal do Comércio(PMC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas-IBGE.
Esse notável desempenho do varejo reflete a vitalidade de outros segmentos, que atravessam um bom momento, como as atividades industriais e serviços, tendo como fundamento essencial a expansão do mercado de trabalho, onde as taxas de desemprego são as menores dos últimos vinte anos, e também, de maneira expressiva, ao aumento da renda das famílias, um fato que tem tido reflexo direto no aumento do consumo.
Os analistas do mercado avaliam que 2024 reafirmou uma posição bastante confortável do setor de varejo, com bom aquecimento, especialmente até final do terceiro trimestre, embora tenha ocorrido uma leve desaceleração no trimestre seguinte, especialmente nos meses de novembro e dezembro, e creditam bastante esse panorama ao fato de que os brasileiros estão trabalhando mais, tendo melhores oportunidade de acesso ao emprego e tendo, na prática, um crescimento de renda como há muitos anos não se observava no Brasil.
Na visão desses analistas, um fator preponderante para o bom desempenho do varejo foi o início, no segundo semestre de 2023, das etapas de redução das taxas Selic, do Banco Central, cujo reflexo junto aos sistema bancário nacional fez os juros caírem nas instituições públicas, e sobretudo nos bancos privados, registrando, do mesmo modo, uma maior oferta de crédito para as atividades produtivas.
Com mais dinheiro no mercado e a juros mais suportáveis, os agentes do sistema produtivo, os empregadores, passaram a ter melhores condições de trabalho e, assim, mais ânimo para tocar seus negócios. As ações do Copom (Comitê de Política Monetária) em 2023 reduziram os juros Selic 2 pontos percentuais, começando o ano com taxa de 13,75% e encerrando com 11,75%. Isso representou um feito histórico, pois desde março de 2021, até agosto de 2022, o Copom havia elevado as taxas por 12 vezes consecutivas.
Em um ano, de agosto de 2022 ao mesmo mês de 2023, a taxa foi mantida em 13,75% por sete meses seguidos, num vigoroso entrave às atividades produtivas do mercado nacional, com prejuízos aos seus diversos setores, e visível refreamento do consumo.
Os próprios analistas do mercado têm a convicção de que o varejo é, visivelmente, muito dependente do crédito. Quando há maior oferta e juros mais civilizados, o setor disso se beneficia, e é o que aconteceu do final de 2023 até dezembro de 2024.
Os reflexos da queda das taxas Selic já vinham se registrando no último trimestre de 2023. Dados do Instituto Brasileiro de Economia (FGV Ibre) mostram que, em novembro de 2023, o varejo-renda avançou 0,4%, na comparação com outubro, mas o varejo-crédito subiu 3,3%.
As expectativas são de que 2025 possa ao menos repetir o bom desempenho de 2024, mesmo considerando com alguns pontos tenham mostrado, mais recentemente, sinais de perda de fôlego. Isso, espera-se, deverá ser compensado com mais ações positivas do governo em apoio às atividades dos diversos segmentos da economia.