José Osmando

Coluna do jornalista José Osmando - Brasil em Pauta

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Diante da solidez das denúncias da PGR, Congresso não vê ambiente para anistia

Com isso, os processos ganharam mais velocidade de análise jurídica no âmbito do STF, dificultando as históricas procrastinações.

Lideranças no Congresso brasileiro, com notável desalento para aqueles que integram o bloco de apoio a Bolsonaro,  já começaram a perceber que a decisão tomada pelo Procurador-Geral da República, Paulo Gonet, de fatiar as denúncias contra os acusados de 8 de janeiro e de outros crimes, dividindo-as em cinco peças com os diferentes núcleos de atuação na trama golpista, dificultou de maneira substancial as possibilidades de algum êxito dos golpistas, da possibilidade mínima de livrá-los da condenação.

Com isso, os processos ganharam mais velocidade de análise jurídica no âmbito do STF, dificultando as históricas procrastinações. 

Essa constatação fica evidente quando a cúpula do Congresso, lideranças do Centrão, governistas e oposicionistas estão chegando à conclusão de que não existe qualquer ambiente, dentro do Parlamento, para aprovar anistia aos envolvidos no diabólico plano de golpe, intentado em 8 de janeiro, com depredações às sedes dos Três Poderes, fato que, comprovadamente, não se concretizou porque os comandantes militares de Exército e Aeronáutica, não entraram no barco dos golpistas liderados por Jair Messias Bolsonaro.

Além de avaliarem que a tentativa de anistia seria um contrassenso, por fugir à lógica de que não se pode dar suporte legal a condição inexistente, que seria a condenação dos culpados, algo que ainda não aconteceu, o entendimento político é de que não existe clima, nem votos suficientes para fazer avançar na Câmara uma proposta de anistia. 

A denúncia da Procuradoria, com a clara robustez que está sendo apontada por todo o universo jurídico e por lideranças minimamente sensatas do mundo político, parece ter sido a gota d´água na fervura que vinha alimentando os sonhos dos bolsonaristas. 

Tanto isso é verdadeiro, que o próprio filho de Jair Messias Bolsonaro, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, fez declarações públicas de que há risco de prisão para seu pai e pediu, como recurso talvez único, que as pessoas adeptas, seguidoras, fãs, façam orações pelo ex-presidente. Enfim, entregou a Deus um caso que não pode mais ser revolvido por ações políticas.

Nessa água despejada na fervura, na pós-denúncia da PGR, pesou bastante a declaração do novo Presidente do Senado, David Alcolumbre, dada na última quarta-feira, de que esse assunto de anistia não está na pauta da Casa. E mais: de que isso não é assunto de interesse dos brasileiros. Ao dizer isso, Alcolumbre acerta precisamente, pois as famílias brasileiras estão, de fato, muito mais interessadas no seu bem-estar, na comida no prato, na diminuição dos preços dos alimentos, por exemplo, que nos últimos dias, por um conjunto de motivações, algumas até artificialmente arquitetadas (como o aumento das taxas de juros) tiveram os preços bastante elevados.

Embora a posição do Presidente do Senado não esteja rigorosamente em consonância com o que pensa o Presidente da Câmara, Hugo Mota, que já declarou não reconhecer que tenha havido tentativa de golpe, o ambiente em nada favorece o avanço dessa ideia descabida e inapropriada, porque todos estão percebendo, finalmente, que a bola está nos pés do Supremo Tribunal Federal, a quem cabe rolar no meio-campo, chutar para a trave, fazer gol, e oferecer ao povo brasileiro uma justa, ampla merecida comemoração diante uma vitória contra o golpismo, contra os atentados à Democracia.

O que estamos vendo finalmente chegar à possibilidade de conclusão, de um desfecho tão esperado, é a condenação daqueles que, apegados ao poder sob qualquer forma, não reconhecendo a solidez de nossas instituições, o resultado das urnas, fruto de manifestação livre do povo brasileiro, tentaram um golpe contra a Democracia e contra o Estado brasileiro, impedindo que o eleito tomasse posse e depredando de modo protesto e selvagem os símbolos de nossas instituições democráticas.

O que se deseja é que a Justiça seja feita e que os culpados tenham as celas das prisões como moradia merecida.

*** As opiniões aqui contidas não expressam a opinião no Grupo Meio.
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