Quando segmentos expressivos do mundo político- notadamente aqueles que têm o dever de legislar em favor das classes sociais mais vulneráveis-, abrem mão dessas prerrogativas que lhes foram confiadas pelo voto popular, dão as costas a quem os elegeu e abraçam sem limite os interesses dos setores dominantes do mundo econômico, já se sabe no que isso pode resultar.
A conclusão é muito clara: a submissão ao lobby dos poderosos, levando à má conduta deputados e senadores, sem qualquer interesse notável na construção de mecanismos legais que beneficiem os mais pobres, vai consolidando a degradação da política e, tendo por consequência lógica o aumento dos privilégios para aqueles que há detém muito, e o aprofundamento das desigualdades sociais.
O Brasil, muito tristemente, é um dos 10 países do mundo em que mais se evidenciam as desigualdades sociais, caracterizadas pelo distanciamento entre an elite política e econômica e a maioria da população.
Embora, ao longo dos últimos 20 anos tenham ocorrido avanços pontuais na proteção dos mais necessitados, notadamente nos períodos em que Luiz Inácio Lula da Silva esteve à frente do país, o fato é o Congresso Nacional não tem demonstrado interesse maior em se alinhar às políticas sociais, optando por ficar suscetíveis à influência do lobby de grupos com força no ambiente financeiro.
Vimos recentemente o governo celebrar a aprovação legal, no Legislativo, para que trabalhadores que percam até R$ 5 mil por mês ficassem isentos do pagamento do imposto de renda. Mesmo sendo uma medida de caráter social abrangente e efetivo, corrigindo uma das maiores injustiças de tributação do mundo, passou-se mais de um ano em discussões infrutíferas e injustificadas, com a presença escancarada de chantagem contra o governo, até que o projeto fosse finalmente aprovado.
Outra desatenção flagrante do parlamento brasileiro é quanto às taxas de juros aplicadas no Brasil pelo Banco Central, uma instituição tornada independente graças ao empenho dos controladores do mercado. Sem capacidade de influir nas decisões, o governo vive quebrando cabeça com dirigentes do Comitê de Política Monetária e não se ouve a voz das lideranças do Senado e da Câmara no sentindo de fazer o BC entender que mantendo juros em níveis astronômicos só fazem muito mal à economia produtiva e às famílias brasileiras que têm o seu consumo reduzido.
Se tudo isso ocorre bastante pela falta de representatividade das populações mais vulneráveis nos assentos do Legislativo, pior ainda é observar-se, por outro lado, que o mundo político corre a cada dia mais risco de piorar, em razão do avanço de organizações criminosas dentro desses espaços políticos e eleitorais.
A recente aprovação de leis que reduzem penas e até mesmo vão no caminho da impunidade, dá bem o sinal de alerta para essa espantosa realidade.
Vê-se, com grande temor que o aumento exponencial dos ganhos de especuladores, as práticas criminosas que grupos com influência política têm adotado com frequência - a despeito da atuação da Polícia Federal e da Receita-, consolidando um sistema que impulsiona a exclusão social, é um desafio gigantesco que as pessoas honradas e os trabalhadores nacionais têm que manter permanentemente no seu radar político, e que isso possa servir de iluminação nas suas próximas escolhas neste próximo 2026.