O Brasil entrou em contagem regressiva para lançar o seu primeiro foguete privado, um evento cercado de muito interesse, porque, além de ser o primeiro de caráter comercial a partir do território brasileiro, insere o país no mercado global de lançamentos comerciais, abrindo novas possibilidades de investimento em viagens espaciais.
A contagem para o lançamento do foguete se inicia nessa próxima quarta-feira, dia 17, na Base de Alcântara, ou Centro Espacial de Alcântara (CEA), no Maranhão, que é um espaçoporto estratégico do Brasil, operado pela FAB, essencial para lançamentos de foguetes devido à sua proximidade com a Linha do Equador. O processo final de preparação para o lançamento durará cerca de 9 horas e essa contagem se estenderá até dia 22 de dezembro.
A checagem para o lançamento envolve uma operação de engenharia afinada, com checagem detalhada de sistemas, meteorologia e software, tornando-se o maior marco espacial brasileiro. Historicamente, as constagens regressivas são operações rigorosas que duram horas ou dias, culminando nos minutos finais com a liberação dos motores e sistemas de ignição, tudo para garantir segurança e êxito no lançamento, de maneira que possa ser cumprida a finalidade. Caso todas as checagens dêm perfeitamente certas, o lançamento poderá ocorrer a qualquer momento entre dias 17 e 22.
A missão do satélite que o Brasil vai lançar é levar experimentos de universidades e empresas do Brasil e da Índia. Denominada de Operação Spaceward, o foguete a ser lançado, cuja denominação é Hanbit-Nano, deixará na órbita da Terra cinco satélites e três experimentos, desenvolvidos por brasileiros e indianos, estes parceiros científicos da operação.
O foquete foi desenvolvido pela empresa sul-coreana Innospace. O lançamento acontece numa parceria da FAB com a Agência Espacial Brasileira (AEB). Após a Agência Espacial Brasileira (AEB) ter lançado o edital visando a frabricação do foguete, a Innospace, empresa sul-coreana, foi selecionada para operar no CLA e assinou contrato com o Comando Aeronáutico em 2022, desenvolvendo-se a construção do foguete a partir de 2023, o que agora coroa com o lançamento.
Antes da contagem regressiva ocorre uma extensa fase de planejamento, testes dos sistemas, integração de estágios e das cargas úteis, ensaios de comunicação e verificação rigorosa de segurança. A partir daí, o Centro de Controle assume integralmente a coordenação da missão.
Para que o Hanbit-Nano vá ao espaço, a sequência prevista envolve aproximadamente 9 horas de atividades até o acionamento do motor. Ao longo desse período,são realizadas verificações sistemáticas e pontos decisórios como o "GO/NO-GO", o 'vai, não-vai', nas quais cada área confirma sua condição operacional.
A operação Spaceward agrega cerca de 400 profissionais, entre brasieiros(militares e civis), e os sul-coreanos que desenvolveram o foguete. Cerca de 30 especialistas atuam no Centro de Controle, outros 100 profissionais ficam distribuídos entre radares, antenas, tratamento de dados, meteorologia, tecnologia da informação, logística, segurança de voo e de superfície, qualidade, planejamento, sincronização, e no Centro de Controle Avançado.
O lançamento do HANBIT-Nano representa, para o CLA, um avanço inédito e estratégico dentro do Programa Espacial Brasileiro. Com mais de quatro décadas de operação e mais de 500 lançamentos realizados, o CLA consolida sua capacidade de conduzir missões de crescente complexidade com padrões internacionais de segurança e precisão. “É um marco que demonstra nossa maturidade técnica e insere o Brasil no mercado global de lançamentos comerciais. Alcântara se firma como um polo estratégico espacial, atraindo investimentos, empresas e inovação. É um passo significativo para o futuro do Brasil no espaço”, explica o Major Robson Coelho de Oliveira, chefe da Divisão de Lançamentos de Alcântara.