Donald Trump enfrenta uma reação negativa de grupos empresariais e de alguns membros do próprio Partido Republicano após ter imposto tarifas elevadas a três dos maiores parceiros comerciais dos Estados Unidos. As tarifas irão encarecer os produtos para consumidores americanos que terão que pagar mais por produtos importados
Associações comerciais representando bens de consumo, petróleo, supermercados e montadoras se alinharam para alertar que as novas tarifas de Trump —de 10% sobre importações da China e 25% sobre as do México e Canadá, com uma taxa menor de 10% para energia canadense— aumentariam os preços para os norte-americanos e causariam imbróglios nas cadeias de suprimentos.
Grupos de bens de consumo alertaram que os mantimentos ficarão mais caros, enquanto as montadoras alertaram para o aumento do custo de construção de veículos nos EUA.
maior aumento de impostos desde de 1990
Kim Clausing, pesquisadora sênior do Instituto Peterson, disse que as tarifas representariam "o maior aumento de impostos desde a década de 1990".
No sábado, as tarifas catapultaram o protecionismo econômico para o topo das prioridades de Trump. Em resposta, o primeiro-ministro canadense Justin Trudeau anunciou tarifas de 25% sobre 155 bilhões de dólares canadenses (US$ 107 bilhões) em bens, cobrindo milhares de produtos específicos, como carne, suco de laranja, eletrodomésticos, pneus de borracha, madeira, entre outros.
O ministro das Finanças, Dominic LeBlanc, disse que os primeiros 30 bilhões de dólares canadenses em tarifas atingiriam "principalmente bens de consumo que importamos dos Estados Unidos para os quais há substitutos no Canadá".
medidas retaliatórias
A presidente do México, Claudia Sheinbaum, alertou para medidas retaliatórias e deve anunciar tarifas em breve.
Rand Paul, o senador republicano por Kentucky, escreveu no X: "Tarifas são simplesmente impostos. Conservadores antes se uniam contra novos impostos. Taxar o comércio significará menos comércio e preços mais altos."
Os democratas do Congresso criticaram a medida de Trump. O Instituto Peterson estimou no mês passado que as sanções ameaçadas por Trump causariam danos econômicos a todos os países envolvidos, incluindo os EUA.
O imposto de 25% sobre as importações do Canadá e do México resultaria em um impacto de cerca de US$ 200 bilhões na economia dos EUA durante o mandato de Trump, estimou. Já sobre importações chinesas, o impacto previsto é de US$ 55 bilhões. A inflação nos EUA também aumentaria.
estratégia mais arriscada
Ed Al-Hussainy, analista sênior de taxas de juros e câmbio na Columbia Threadneedle, disse que os EUA haviam "embarcado na estratégia de tarifas mais arriscada, com alta probabilidade de retaliação".
Analistas de pesquisa do Goldman Sachs escreveram neste domingo que "é mais provável que as tarifas sejam temporárias" devido ao seu potencial impacto econômico e às condições gerais estabelecidas pela Casa Branca para sua remoção.
O banco havia estimado anteriormente que uma tarifa de 25% a longo prazo sobre as importações do Canadá e do México aumentaria os preços de despesas de consumo pessoal básico em 0,7%.