O ex-vice-prefeito e ex-secretário municipal de Finanças de Teresina, Robert Rios Magalhães, prestou um depoimento explosivo nesta quarta-feira (6) à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Déficit Bilionário da Câmara Municipal. Durante a oitiva, ele acusou diretamente familiares do ex-prefeito Dr. Pessoa de participarem de um “esquema generalizado de corrupção” na administração municipal.
Segundo Robert, no dia 30 de dezembro de 2022, ele comunicou pessoalmente ao então prefeito que não permaneceria no cargo devido às irregularidades que presenciava.
“Doutor Pessoa, eu sou um delegado da Polícia Federal, estou constrangido de estar aqui nessa prefeitura. A sua mulher está roubando, o seu filho está roubando, tem vários sobrinhos seus roubando e eu não posso assistir isso calado”, afirmou.
O ex-secretário disse que, após esse episódio, decidiu se afastar definitivamente da Prefeitura. “Nunca mais coloquei meus pés lá até hoje”, declarou.
Rios também criticou o próprio nome da CPI, que investiga o suposto rombo nas contas públicas.
“Até o nome da CPI está equivocado. Não tem nada de CPI do rombo, é CPI do roubo. Houve roubo e muito roubo. Não sou leviano e irresponsável de dizer isso. Tenho 40 anos de polícia e nunca vi uma escala de roubo daquele jeito.”
Entre os casos citados, ele mencionou a compra superfaturada de parte do terreno destinado à construção de um hospital e irregularidades na Fundação Municipal de Saúde (FMS), que, segundo ele, era controlada pela então primeira-dama.
“Quem comandava a prefeitura eram os familiares do prefeito”, acusou.
Robert afirmou que diversos cargos estratégicos foram ocupados por parentes de Dr. Pessoa, incluindo seu filho, João Duarte Pessoa, conhecido como “Pessoinha”, além de sobrinhos, genros e outros familiares. Ele relatou ainda que listas de empresas a serem pagas pela Prefeitura eram elaboradas por membros da família e entregues diretamente ao setor financeiro.
Segundo Robert, a ex-secretária Odimirtes Neves teria recebido instruções claras de Dr. Pessoa para só efetuar pagamentos com autorização de “Pessoinha”.
Robert disse ter repassado essas listas e outras denúncias ao Ministério Público. Suas declarações marcam um dos momentos mais duros da CPI até agora, que deve ouvir novos depoentes nos próximos dias para aprofundar as investigações.