Com Katya D'Angelles
Em entrevista concedida na última semana, a secretária de Assistência Social e ex-governadora do Piauí, Regina Sousa, avaliou o atual processo de eleição interna do Partido dos Trabalhadores (PT) e afirmou que não há possibilidade de consenso na disputa pela direção estadual da sigla, embora veja o debate como parte saudável da democracia partidária.
“Consenso no PT? Tem nada, nunca vai ter”, disparou a petista, com a franqueza que lhe é característica.
NORDESTE MAIS FORTE NO PT
Questionada sobre a necessidade de ampliar o espaço do Nordeste na Executiva Nacional do PT, Regina foi categórica ao afirmar que o partido já possui boa representação na região, mas que a busca por maior protagonismo é legítima:
“Claro que precisa, agora o PT é bem representado. Eu acho que nunca teve presidente, mas é muito bem representado na Executiva. No Nordeste inteiro, todos os estados estão na Executiva do partido”, disse. “Ainda mais o estado que tem o melhor desempenho nas eleições para o partido, é normal que queira um povo nordestino”, completou.
Apesar disso, ela minimizou possíveis tensões internas: “Não tem guerra por isso não. Todo mundo é candidato. Aliás, nem o nordestino se lançou candidato ainda”, observou, destacando que há aproximadamente quatro nomes colocados na disputa, mas acredita que o número deve reduzir nas próximas semanas.
“Eu acredito que pode chegar só em dois. Mas isso tudo é esse processo que ainda vai começar, porque agora que nós estamos fazendo o registro das chapas”, explicou.
DISPUTA É PARTE DA DEMOCRACIA INTERNA
Para a ex-governadora, o debate interno é uma marca do PT e deve ser encarado com naturalidade: “É normal, todo mundo é atendente. Nós já tivemos eleição do PT que tinha dez chapas. A novidade é a gente chegar numa chapa única — é difícil. Porque todo mundo quer demarcar o seu espaço pra ver qual é o seu tamanho dentro do partido”, afirmou.
Segundo ela, mesmo dentro das correntes partidárias, há necessidade de debate até se chegar a um nome de consenso interno: “Se a nossa corrente tiver mais de um candidato, nós vamos ter que fazer o debate até a gente afunilar lá e chegar em só um”.
PIAUÍ OBSERVA O PROCESSO
Sobre o cenário estadual, Regina se coloca como uma observadora atenta da construção das chapas no Piauí: “Ele tá evoluindo (o processo eleitoral), tem boas perspectivas. Sempre o PED é o momento de maior participação do filiado do partido, porque é uma eleição direta, é quase uma eleição de vereador em alguns lugares”, comparou.
Ela destacou que, apesar de algumas dificuldades em diretórios municipais, a expectativa é de uma ampla participação: “A tendência é que todos os municípios onde tem o partido lancem seus candidatos. Porque tem alguns que são só com comissão provisória, porque teve dissolução de diretório em alguns momentos. Então, isso tudo vai acontecer”.
CAMPANHA COM DEBATES, NÃO COM AGRESSÕES
Por fim, a dirigente defendeu que a eleição interna do PT seja marcada por debates de alto nível, sem ataques pessoais: “O que a gente espera mesmo é que a gente tenha uma campanha boa, bonita, com muitos debates — já está começando a acontecer debates assim, mas com temática nacional, internacional — que a gente não parta para aquela disputinha pequena, interna, sem sentido da gente estar se agredindo. Mas ninguém segura a boca de ninguém”, ponderou.
Com essa declaração, Regina Sousa reafirma seu compromisso com o debate político dentro dos marcos democráticos do partido, mas sem ilusão quanto à possibilidade de um consenso: “Eu fui consenso uma vez, mas isso passou, foi muito tempo atrás. Já teve tempo que teve dez chapas no partido. Aí cada um que tira tantos por cento do voto vai ter tantos por cento no diretório”, finalizou.