O governador do Piauí, Rafael Fonteles (PT), concede entrevista nesta segunda-feira, 28 de abril, ao programa Roda Viva, da TV Cultura. Durante o primeiro bloco da conversa, ele defendeu a renovação das lideranças no Partido dos Trabalhadores, a necessidade de uma frente ampla para as eleições de 2026, comentou sobre o combate à corrupção no governo Lula e avaliou a situação política e econômica do país. Fonteles ainda afirmou que o Nordeste deve ter maior protagonismo no PT e se mostrou otimista quanto à recuperação da popularidade do presidente.
Disputa interna no PT e protagonismo nordestino
Questionado sobre a renovação de lideranças no PT e a força crescente dos grupos do Nordeste dentro do partido, Rafael Fonteles reforçou a importância da democracia interna da legenda:
"Tenho orgulho de pertencer ao Partido dos Trabalhadores. Acho que o Partido dos Trabalhadores tem um diferencial enorme, que é essa democracia interna vibrante e que se revela num processo de eleição direta. Você não vê isso em outros partidos", disse.
O governador destacou ainda a necessidade de fortalecimento da presença nordestina nos espaços de poder do partido:
"O Nordeste tem que ter cada vez maior participação no diretório, na Executiva Nacional. Veja, o Brasil tem quatro governadores petistas, os quatro na região Nordeste. Temos a maior bancada de deputados federais, então é natural que o Nordeste seja bem representado."
Fonteles defendeu que o novo presidente do PT deve apoiar de forma "incondicional" o governo Lula, pensando já na eleição presidencial de 2026:
"Se nós estamos no governo, o partido tem que defender o governo. As discussões internas têm que haver, faz parte da democracia partidária, mas nós temos que defender, sobretudo, visando as eleições de 2026."
Avaliação do governo Lula e combate à corrupção
Sobre a queda da avaliação do governo no início de 2024, Fonteles apontou a inflação dos alimentos como principal fator:
"Realmente houve uma pequena queda na popularidade do presidente, principalmente por causa do custo de vida, sobretudo a inflação dos alimentos."
Ele ressaltou que, mesmo diante das dificuldades, o presidente Lula já demonstra sinais de recuperação na popularidade:
"A pesquisa que saiu hoje, por exemplo, da Atlas Intel, já demonstra uma recuperação. [...] No Piauí já voltou a uma popularidade superior a 70%."
Ao comentar a continuidade de esquemas de fraude no INSS, revelados pela Polícia Federal, Rafael Fonteles enfatizou a diferença entre o atual governo e o anterior:
"A diferença do governo do presidente Lula para o governo anterior é que no governo do presidente, as instituições funcionam, investigam e descobrem esquemas como esse que tivemos no INSS."
Segundo ele, a apuração firme dos casos só ocorreu porque o governo atual respeita a autonomia dos órgãos de controle:
"O governo que tem compromisso com a verdade e com o combate à corrupção permite que CGU atue, que PF atue, que as instituições funcionem, respeita a independência do Poder Judiciário, do Ministério Público."
Frente ampla para 2026 e defesa de Alckmin como vice
Rafael Fonteles defendeu a manutenção da aliança ampla que garantiu a vitória de Lula em 2022 e defendeu a permanência de Geraldo Alckmin como vice:
"Eu torço que esses dois partidos, MDB e PSD, em nível nacional, também estejam na coligação do presidente Lula. Eu acho que o vice-presidente Alckmin é um excelente nome para continuar sendo vice-presidente no próximo mandato do Lula, se Deus quiser."
O governador acredita que a construção de uma frente ampla será ainda mais necessária para 2026:
"Quem quer vencer as eleições tem que representar a maioria da população e, evidentemente, que a frente ampla é fundamental. [...] Nosso adversário é a extrema direita, então nós temos que nos aliar para evitar este mal maior."
Renovação de lideranças e confiança em Lula
Sobre a renovação de quadros no PT, Rafael Fonteles avaliou que o momento ainda é de centralidade na liderança de Lula:
"O presidente Lula está aí cheio de energia, cheio de saúde, então nós temos que focar nessa eleição do presidente Lula."
Ele também acredita que, após a provável reeleição em 2026, Lula será o responsável por impulsionar novas lideranças:
"Naturalmente, a partir daí, haverá a liderança do presidente Lula sendo utilizada para apresentar novos nomes à sociedade brasileira."
Fonteles destacou que, embora o partido tenha passado por dificuldades após o impeachment de Dilma Rousseff, o PT tem força para se renovar e construir novos caminhos:
"O principal é apresentar um novo caminho de futuro para o Brasil."
Desenvolvimento econômico e apoio ao empreendedorismo
O governador do Piauí também falou sobre sua trajetória pessoal, ressaltando a experiência na iniciativa privada e a importância de políticas públicas para micro e pequenos empreendedores:
"Eu me considero empreendedor porque fundei algumas empresas, atuei muito na iniciativa privada, sou professor desde os 14 anos, formado em matemática. [...] Especialmente os micro e pequenos empreendedores têm que ser cada vez mais abraçados pelo poder público."
Ele defendeu a adoção de medidas que vão além da desburocratização:
"Temos que focar na melhoria do ambiente de negócios, mas também ajudar com crédito subsidiado e licenciamento facilitado."
Nordeste e resistência ao bolsonarismo
Por fim, Rafael Fonteles apontou que o Nordeste segue como um reduto firme de apoio a Lula e à esquerda:
"Realmente, no Piauí, não há muito espaço para o bolsonarismo. Temos o presidente Lula, repito, com aprovação superior a 70%."
O governador afirmou que acredita que Lula obterá, no estado, percentual ainda maior em 2026 do que o conquistado em 2022, quando teve 77% dos votos.