Com o aniversário de Oscar Niemeyer, celebrado em 15 de dezembro, voltou a ganhar destaque o legado do principal nome da arquitetura modernista brasileira. Se estivesse vivo, o arquiteto completaria 118 anos em 2025, reforçando a atualidade de um estilo marcado por curvas livres, monumentalidade e integração com o espaço urbano.
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL | Releituras do patrimônio
Para imaginar como o traço niemeyeriano poderia transformar marcos históricos do país, uma análise conduzida pela Adobe Firefly, plataforma de inteligência artificial da empresa, recriou cinco ícones brasileiros como se tivessem sido concebidos pelo arquiteto. O estudo utilizou diferentes modelos de IA, como FLUX Ultra Raw e Gemini Flash, disponíveis na ferramenta.
Foram reinterpretados o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro; o Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP); o Elevador Lacerda, em Salvador; o Teatro Amazonas, em Manaus; e a Ópera de Arame, em Curitiba.
LEGADO | O estilo de Niemeyer
Reconhecido internacionalmente, Niemeyer construiu uma obra baseada em formas contínuas, ausência de ângulos rígidos, uso expressivo do concreto branco e curvas inspiradas tanto na paisagem quanto no corpo humano. Seu portfólio reúne mais de 600 projetos no Brasil e no exterior, incluindo o Congresso Nacional, o MAC de Niterói, a Catedral de Brasília, o Palácio da Alvorada, o Memorial da América Latina e o Conjunto da Pampulha.
Para orientar os modelos de IA, a Firefly utilizou descrições baseadas em estudos do Instituto e da Fundação Oscar Niemeyer, além de publicações acadêmicas que detalham as principais características de sua arquitetura.
RIO DE JANEIRO | Cristo Redentor
Arquitetos originais: Heitor da Silva Costa e Paul Landowski
Estilo original: Art Déco, com linhas geométricas e monumentalidade vertical
Na releitura da IA, a rigidez do Art Déco foi substituída por curvas amplas e superfícies contínuas em concreto branco. As dobras da túnica ganharam aspecto fluido, e o corpo passou a ter acabamento polido, aproximando a escultura de uma obra arquitetônica típica de Niemeyer.
SÃO PAULO | MASP
Arquiteta original: Lina Bo Bardi
Estilo original: Brutalismo moderno, com grandes vãos livres e estrutura aparente
Mantendo a Avenida Paulista intacta, a inteligência artificial transformou o bloco suspenso em uma estrutura curva, apoiada em pilotis delgados. O brutalismo angular deu lugar a superfícies contínuas, como se o edifício tivesse sido moldado em uma única lâmina de concreto branco.
SALVADOR | Elevador Lacerda
Arquiteto original: Augusto Frederico de Lacerda
Estilo original: Art Déco verticalizado
Na versão reinterpretada, as linhas ortogonais foram eliminadas. A torre ganhou bordas arredondadas e volumes suaves, enquanto o conjunto superior passou a lembrar o Museu de Arte Contemporânea de Niterói, uma das obras mais emblemáticas de Niemeyer. O entorno urbano foi preservado.
MANAUS | Teatro Amazonas
Arquitetos originais: Celestial Sacardim e Crispim do Amaral
Estilo original: Ecletismo do século XIX
A IA substituiu a tradicional cúpula colorida por uma cobertura curva em concreto branco. A fachada clássica foi reinterpretada como um volume escultural contínuo, com amplos panos de vidro e referências ao conjunto arquitetônico da Pampulha, mantendo a praça e o entorno originais.
CURITIBA | Ópera de Arame
Arquiteto original: Domingos Bongestabs
Estilo original: Estrutura tubular metálica e transparência
Na releitura, a estrutura circular de aço deu lugar a um organismo fluido, com lajes curvas, pilotis esbeltos e cobertura orgânica. O concreto branco substituiu o metal, enquanto a ponte e o lago ao redor foram preservados fielmente.
TECNOLOGIA E MEMÓRIA | Um exercício de imaginação
O experimento da Adobe Firefly não altera a história da arquitetura brasileira, mas propõe um exercício visual sobre como o traço inconfundível de Oscar Niemeyer poderia dialogar com obras consagradas, reforçando a permanência de seu legado mesmo décadas após sua produção mais intensa.